A Dívida Pública Federal (DPF) do Brasil caiu 1,25% em setembro para R$ 6,947 trilhões, ante R$ 7,035 trilhões no mês anterior (valores nominais, ou seja, descontando a inflação), segundo os dados divulgados ontem (31) pela Secretaria do Tesouro Nacional.
O Tesouro informou que a variação ocorreu devido ao resgate líquido de R$ 127,91 bilhões e à apropriação positiva de juros, no valor de R$ 40,11 bilhões no mês. Na prática, isso significa que quem tinha título da dívida resgatou o papel e ficou com o dinheiro, ou seja, não investiu em outro título.
As razões para isso acontecer são várias: pode ser a alta da taxa básica de juros, a Selic (no caso dos títulos atrelados a ela), ou por vencimento dos papéis.
Ainda segundo o Tesouro, o valor apontado está fora dos limites do Plano Anual de Financiamento (PAF), que variam entre R$ 7 trilhões e R$ 7,4 trilhões no ano. O plano é revisado periodicamente, então pode ser que, no fim do ano, o resultado volte a ficar nesse nível.
Ficar fora dos limites do PAF não significa algo necessariamente bom ou ruim. À primeira vista, parece bom, pois é menos divida em títulos. Porém, pode ser que os investidores estejam preferindo vender os títulos e ficar com dinheiro, com receio de algum risco futuro.
Importante salientar que essa é a dívida na forma de títulos públicos com o mercado financeiro, ou seja, essa não é a dívida total do Brasil, nem a relação dívida/PIB (Produto Interno Bruto), que é a que, de fato, mede o endividamento do país e é divulgada pelo Banco Central.
Dívida pública mobiliária federal também diminui 1,13% em setembro
No mesmo período, a dívida pública mobiliária federal interna (DPMFi) teve seu estoque diminuído em 1,13%, ao passar de R$ 6,716 trilhões para R$ 6,64 trilhões, devido ao resgate líquido, no valor de R$ 126 bilhões, neutralizado, em parte, pela apropriação positiva de juros, no valor de R$ 50,03 bilhões.
Com relação ao estoque da dívida pública federal externa (DPFe), houve variação negativa de 3,71% sobre o estoque apurado em agosto, encerrando o mês de setembro em R$ 307,34 bilhões (US$ 56,41 bilhões), sendo R$ 257,54 bilhões (US$ 47,27 bilhões) referentes à dívida mobiliária e R$ 49,8 bilhões (US$ 9,14 bilhões) relativos à dívida contratual.
Já o custo médio da DPMFi ficou em 10,61%, depois de marcar 10,64% no mês anterior.
No caso das emissões, o custo médio em oferta pública da DPMFi acumulado em 12 meses foi de 10,74% em setembro (contra 10,80%). Nesse caso, as Letras do Tesouro Nacional (LTN) tiveram custo médio de 10,73% (10,65%), enquanto o custo para colocação de Notas do Tesouro Nacional Série F (NTN-F) fechou o mês de setembro em 11,12% (11,05%). As NTN-B tiveram custo de 10,21% (10,42%) e as LFTs saíram a 10,82% (10,90%).
A coletiva de imprensa para detalhar esses resultados será feita pelos técnicos do Tesouro no próximo dia 6 de novembro.
O balanço divulgado pelo Tesouro não trouxe o perfil dos detentores da dívida pública e dados referentes ao colchão de liquidez do Tesouro Nacional devido ao movimento grevista dos servidores do órgão, que busca reajustes salariais e reestruturação das carreiras.
Impactos da dívida pública
A dívida pública reflete diretamente nas taxas de juros e de crescimento do país, consequentemente impactando no emprego, na renda e na inflação, por exemplo.
Os investimentos estrangeiros são fundamentais para que um país cresça e consiga melhorar suas relações com outros países em assuntos como exportações, importações, câmbio, entre outros.
Esse resultado pesa também nas decisões das agências de rating, que fazem uma classificação do quanto o país é confiável para investir.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias