O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva quer realizar, em junho de 2025, o primeiro leilão para contratação de baterias para o sistema elétrico. As chamadas hidrelétricas “reversíveis”, contudo, estarão fora do certame.
As baterias e as hidrelétricas “reversíveis” são formas de garantir o fornecimento de energia quando o aumento do consumo e a redução da geração solar coincidem no início da noite. A contratação dessas tecnologias pode atender a demandas de suprimento instantâneas, sem a necessidade de acionar as usinas termelétricas, mais caras e poluentes.
O setor de geração de energia hidrelétrica pleiteia a inclusão das usinas reversíveis no leilão, pois elas exercem funções de armazenamento similares às baterias químicas e que ainda não são utilizadas no país.
A Abrage (Associação Brasileira das Empresas Geradoras de Energia Elétrica) disse à reportagem do g1 que há um potencial inutilizado de 38 gigawatts para esse tipo de empreendimento – quase três usinas de Itaipu. “Não se justifica você colocar só um tipo de tecnologia para armazenamento”, disse a presidente da Abrage, Marisete Dadald.
Segundo dados do Ministério de Minas e Energia, atualmente, as três maiores fontes renováveis que compõem a matriz de energia elétrica brasileira são hídrica (55%), Eólica (14,8%) e Biomassa (8,4%). Das fontes não renováveis, as maiores são Gás Natural (9%), Petróleo (4%) e Carvão Mineral (1,75%).
Em setembro, o governo havia dado ao ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) 30 dias para apresentar um plano para garantir abastecimento até 2026, com medidas concretas a cada ano. A solicitação ocorreu devido à estiagem dos últimos meses.
Saiba por que o governo quer contratar baterias para o sistema elétrico
O Brasil vive uma situação contraditória. Embora produza energia renovável em excesso, ainda precisa ligar usinas termelétricas para suprir a demanda em momentos de pico, como aconteceu recentemente com a estiagem. A consequência é um custo maior ao consumidor e desafios para a operação do sistema.
Por isso, o ONS recomendou que o governo contrate, todos os anos, novas usinas (termelétricas e hidrelétricas) no modelo de “reserva de capacidade”. Essa contratação ocorre em caso de necessidade, ajustando o equilíbrio do sistema quando há muita demanda ou pouca geração de energia.
Por isso, o leilão de armazenamento de 2025 é também uma forma de contratar “reserva de capacidade”.
As baterias contratadas vão ajudar a suprir demandas instantâneas do sistema, quando as usinas eólicas e solares não conseguirem atender aos picos de consumo por falta de vento e sol.
As baterias funcionarão da seguinte forma:
- Como são uma forma de armazenar energia, a ideia do governo é contratar essa tecnologia para acionamento por até 4 horas por dia, com início de suprimento em 2029.
- Quando não estão sendo utilizados, os equipamentos são recarregados à espera de um novo acionamento pelo ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico).
- O segmento de baterias aponta a tecnologia como uma forma de aproveitar as “sobras” de energia renovável.
- As baterias poderiam ser carregadas com as “sobras” de geração. E, no início da noite, poderiam fornecer essa energia armazenada para atender ao pico de consumo, que não podem ser supridos pelas renováveis.
Hidrelétricas reversíveis
As hidrelétricas reversíveis são usinas com dois reservatórios que funcionam da seguinte maneira:
- Geram energia por meio da queda d’água de um reservatório mais elevado para o outro mais baixo.
- Quando não está gerando energia, a água do reservatório baixo é bombeada para o reservatório alto, o que garante o reaproveitamento completo da água armazenada.
- Dessa forma, a usina só perde água para a evaporação.
- Devido a esse sistema, essas usinas são chamadas de “baterias físicas”, uma vez que armazenam a energia na forma de água.
Entre 1950 e 1960, quatro usinas reversíveis foram construídas no Brasil. No entanto, hoje elas não operam com geração de energia.
Redação ICL Economia
Com informações do g1