Falta de recursos leva brasileiro a retirar dinheiro aplicado na poupança

Saques da aplicação financeira mais tradicional dos brasileiros somam R$ 15,356 bi, no pior março da série histórica
26 de abril de 2022

Pelo terceiro mês seguido, os saques de dinheiro da caderneta de poupança dos brasileiros foram maiores do que os depósitos, batendo recorde para o mês de março na série histórica iniciada em 1995.

Os saques na aplicação superaram os depósitos em R$ 15,4 bilhões no mês, segundo dados informados pelo Banco Central, nesta segunda-feira (25). Ao todo, os saques somaram R$ 327,1 bilhões em março, enquanto os depósitos atingiram R$ 311,7 bilhões.

Março é ainda o terceiro mês deste ano com mais saída de dinheiro da poupança do que entrada de recursos – R$ 3,524 bilhões.  Em janeiro, as retiradas superaram os depósitos em R$ 19,7 bilhões e, em fevereiro, R$ 5,350 bilhões.

Em meio à alta da inflação que corrói o poder de compra (IPCA acumula alta de 11,3% nos últimos 12 meses) e a queda na renda dos brasileiros, este ano, o movimento de retirada de recursos da poupança de janeiro a março ficou ainda maior. Costumeiramente, os primeiros meses do ano são marcados pelos saques na poupança para pagamento de impostos e despesas como material escolar e parcelamentos das compras de Natal.

Baixo rendimento

Um outro fator que ajuda a explicar a saída líquida de recursos da poupança é a alta da taxa básica de juros, a Selic. Até recentemente, a poupança rendia 70% da taxa selic (juros básicos da economia). Desde dezembro do ano passado, a aplicação passou a render o equivalente à taxa referencial (TR) mais 6,17% ao ano, porque a Selic voltou a ficar acima de 8,5% ao ano. Atualmente, os juros básicos estão em 11,75% ao ano.

O aumento dos juros, no entanto, foi insuficiente para fazer a poupança render mais que a inflação, provocando a fuga de alguns investidores. Nos 12 meses terminados em março, a aplicação rendeu 4,34%, segundo o Banco Central. No mesmo período, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA), que mede a inflação oficial, atingiu 11,3%.

O Relatório de Poupança de março deveria ter sido divulgado no dia 6 de abril, mas foi adiado devido à greve dos servidores do BC, que foi iniciada no dia 1º de abril. Com a suspensão do movimento na semana passada, a apresentação de estatísticas está sendo gradualmente retomada.

Redação ICL Economia
Com informações das agências

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