O prejuízo com o apagão em São Paulo e Região Metropolitana, como consequência de um temporal na noite de sexta-feira passada (11), já gerou prejuízo de R$ 1,65 bilhão ao setor de varejo e serviços. O levantamento foi realizado pela FecomércioSP e divulgado ontem (14).
Os cálculos levaram em conta o faturamento que os dois segmentos deixaram de registrar no período e as perdas brutas até ontem.
Na manhã desta terça-feira (15), cerca de 250 mil residências e pontos comerciais da capital paulista e Região Metropolitana ainda estavam às escuras. Enquanto isso, a Enel, concessionária de energia responsável pelo serviço, o prefeito Ricardo Nunes (MDB), o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, mantêm uma queda de braços sobre de quem é a responsabilidade.
O fato é que muitas redes de energia caíram devido à queda de árvores e a poda é de responsabilidade da Prefeitura de São Paulo.
De acordo com o levantamento da entidade, só o varejo acumulava até ontem perdas de pelo menos R$ 536 milhões. No caso dos serviços, os prejuízos somam R$ 1,1 bilhão no acumulado de três dias até ontem.
“Esses dados foram compilados levando em conta que, aos fins de semana, o comércio de São Paulo tende a faturar, em média, R$ 1,1 bilhão por dia, enquanto os serviços têm receitas de R$ 2,3 bilhões”, diz o comunicado da Fecomércio.
“O valor deverá ser maior, porque a empresa responsável pela distribuição de energia, a Enel, ainda não forneceu respostas concretas sobre o retorno do serviço à totalidade dos imóveis que dependem da rede”, completou a entidade.
FecomércioSP está em tratativas com Enel, Prefeitura e Aneel para buscar restabelecer o serviço de energia elétrica
Em comunicado, a entidade empresarial disse estar trabalhando desde sexta passada para colaborar com os setores mais afetados pelo novo apagão em São Paulo, mantendo uma linha de comunicação com a Enel, a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) e a Prefeitura de São Paulo.
“Para a FecomercioSP, é inaceitável que a maior metrópole brasileira sofra com constantes cortes de energia, como vem acontecendo nos últimos meses. Pior do que isso, a cidade não pode ficar tanto tempo sem eletricidade em meio a esses episódios”, frisou.
A interrupção atual já entra no quarto dia nesta terça-feira, enquanto o último apagão, no fim de 2023, durou uma semana. Segundo a entidade, a falta desse serviço básico acarreta problemas significativos para a população e prejuízos enormes ao empresariado.
“A federação tem apontado à Enel como muitas empresas estão contabilizando perdas econômicas a cada dia sem luz, como mercados, restaurantes, farmácias e lojas do varejo, além de serviços que ficam impossibilitados de operar, já que, além da energia, estão sem acesso à Internet. Sem contar os custos excedentes para estabelecimentos que, diante da situação alarmante, não viram outra opção que não locar geradores, contratar mão de obra extra ou comprar combustíveis para manter dispositivos operando”, declarou.
No domingo (13), o diretor-geral da Aneel, Sandoval Feitosa, disse, em entrevista coletiva, que a Enel mobilizou menos técnicos em campo do que o esperado e não cumpriu com o plano de contingenciamento para enfrentar a crise climática.
“A percepção que nós temos a respeito da recuperação do serviço é que ela [a Enel] de fato não tem atendido todas as expectativas com relação ao ano passado”, afirmou Feitosa.
“Claro que esses números precisam ser melhor depurados, porque agora temos uma quantidade de consumidores muito grande que estão interrompidos em função do evento. E há outros consumidores que têm ausência do seu serviço por questões da rotina diária do serviço de distribuição”, complementou.
A Prefeitura de São Paulo informou que registrou 386 ocorrências de quedas de árvores até ontem. Desse total, 49 aguardam a atuação da empresa Enel para que as equipes municipais iniciem o trabalho.
O segundo grande apagão por que passa a cidade e a Região Metropolitana dentro da área de cobertura da Enel mostra, mais uma vez, os prejuízos ocasionados à população quando serviços essenciais são privatizados.
Os economistas do ICL (Instituto Conhecimento Liberta) já enfatizaram, inúmeras vezes, que, quando privatizados, a gestão desses serviços visa ao lucro e pagamento de dividendos a acionistas em detrimento do bom serviço prestado à população.
Assista aos comentários dos economistas do ICL sobre o caos em São Paulo no vídeo abaixo:
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias