O acordo União Europeia-Mercosul será um dos pontos principais da agenda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na Europa. Ontem à noite (19), o petista embarcou para a sua terceira viagem ao Continente Europeu de seu terceiro mandato à frente da Presidência da República. Na agenda do presidente, estão previstos encontros com o papa Francisco, com o presidente da Itália, Sergio Mattarella, e com o presidente da França, Emmanuel Macron, com quem vai tentar destravar o acordo entre os blocos.
O primeiro compromisso da agenda do presidente será nesta terça-feira (20), em Roma, onde terá uma reunião com o sociólogo Domenico De Masi. Amanhã (21), Lula se encontra com o papa, no Vaticano, com quem deve discutir a guerra da Rússia contra a Ucrânia. Na capital italiana, ele se encontrará com Mattarella e também com prefeito de Roma, Roberto Gualtieri.
Sobre o encontro com o papa, o presidente disse que partiu dele a iniciativa de pedir a audiência. Ele pretende discutir com o pontífice ações contra a desigualdade e para alcançar um acordo capaz de paralisar a guerra entre Rússia e Ucrânia.
Na quinta-feira (22), Lula estará na França para participar da cúpula para um Novo Pacto Financeiro Global, em Paris.
Na capital francesa, também fará um discurso no evento do Power Our Planet, no Campo de Marte, e participará de um jantar oferecido pelo presidente Emmanuel Macron aos chefes de delegação participantes da cúpula.
Na sexta-feira (23), Lula participará do Diálogo de Alto Nível da Cúpula, em Paris; e de um almoço de trabalho oferecido por Macron a ele.
Em Paris, Lula terá uma agenda bilateral com o presidente francês, que o apoiou na eleição do ano passado. Na edição de ontem (19) da live Conversa com o Presidente, o petista disse que pretende discutir com Macron as condições do acordo comercial entre Mercosul e União Europeia.
“Eu quero discutir com Macron a questão do parlamento francês, que aprovou endurecimento do acordo Mercosul-União Europeia. A União Europeia não pode tentar ameaçar o Mercosul, de punir o Mercosul se não cumprir isso ou aquilo”, disse.
Acordo União Europeia-Mercosul: Lula diz que bloco europeu precisa ajudar países sul-americanos
Durante visita recente da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, ao Brasil, Lula expressou seu descontentamento com o acordo UE-Mercosul. O parlamento francês aprovou, em abril, uma norma que proíbe a venda nos países do bloco de produtos ligados a desmatamento. No entendimento de países do Mercosul, o dispositivo trava a conclusão do acordo, que vem sendo negociado há 20 anos.
Por essa razão, o petista disse que iria propor que o Brasil seja declarado no texto do acordo como um país de baixo risco de desmatamento, uma vez que 80% do território brasileiro se enquadra nesse critério.
No almoço que será oferecido por Macron a ele, Lula quer discutir o dispositivo aprovado pelo parlamento francês.
Na live de ontem, Lula disse que a União Europeia não pode ameaçar o Mercosul e que, por serem “parceiros estratégicos”, o bloco europeu precisa ajudar os países sul-americanos.
Segundo Lula, se os dois blocos são parceiros estratégicos, “você não pode fazer ameaça, você precisa ajudar”, disse. “Isso eu vou conversar muito com o presidente da França”, complementou.
A aprovação da resolução pela Assembleia Nacional da França contrária ao acordo comercial entre Mercosul e UE não tem poder de lei, mas significa um revés político importante para um eventual acordo de livre comércio entre os dois blocos, isso porque, uma vez firmado um pacto comercial entre as partes, ele precisará ser ratificado por todos os parlamentos, incluindo o francês.
Lula também comentou na live que, na audiência que terá com o papa Francisco, pretende convidar o pontífice para o Círio de Nazaré, procissão religiosa de devoção a Nossa Senhora que reúne milhões de devotos em Belém (PA) todos os anos em outubro. No ano passado, foram 2,5 milhões de fiéis.
“Não sei se o papa correria o risco de ir uma festa que tem milhões e milhões de pessoas, mas de qualquer forma seria uma visita extraordinária. Aí teria que acertar com a Igreja Católica brasileira, mas eu não me negarei de fazer o convite a ele, até porque eu vou”, disse Lula.
Redação ICL Economia
Com informações do site do Partido dos Trabalhadores e Brasil 247 – Fonte: Agência Reuters