Oxfam: 63% da riqueza do Brasil está nas mãos de 1% da população; 50% dos mais pobres detêm apenas 2%

O relatório da ONG será divulgado oficialmente, nesta segunda-feira (15), no Fórum Econômico Mundial de Davos, na Suíça. O estudo aponta ainda que as fortunas dos cinco mais ricos subiram de US$ 405 bilhões para US$ 869 bilhões desde 2020.
15 de janeiro de 2024

Dados de relatório da Oxfam apontam que 63% da riqueza do Brasil está nas mãos de 1% da população e que os 50% mais pobres detêm apenas 2% do patrimônio do país. O documento da ONG (organização não governamental) será divulgado, nesta segunda-feira (15), no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça.

O levantamento detalha ainda como os mais ricos do país acumularam a riqueza . Segundo o documento, 0,01% da população brasileira possui 27% dos ativos financeiros.

“Fica nítido que a propriedade de ações e participações, em termos econômicos, reflete uma plutocracia e não uma democracia”, aponta trecho do documento.

Há, ainda, um recorte racial na distribuição da riqueza. O estudo afirma que, em média, a renda dos brancos está mais de 70% acima da renda da população negra.

“No Brasil, a desigualdade de renda e riqueza anda em paralelo com a desigualdade racial e de gênero. Nossos super-ricos são praticamente todos homens e brancos”, disse Kátia Maia, diretora executiva da Oxfam Brasil.

Em dezembro passado, foi publicado o Relatório da Distribuição Pessoal da Renda e da Riqueza da População Brasileira, do Ministério da Fazenda, o qual mostra que, nos anos do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), os super-ricos aumentaram sua renda em 31%. Em contrapartida, o número de pessoas na parcela mais pobre aumentou 22,7%.

Oxfam: riqueza dos 5 mais ricos mais que dobrou desde 2020

O relatório global sobre o tema, Desigualdade S.A., aponta que o fim da pandemia deu impulso à produção de riqueza global e, ao mesmo tempo, ao crescimento da desigualdade. A riqueza dos cinco mais ricos do mundo mais que dobrou (114%) desde 2020, enquanto 5 bilhões de pessoas empobreceram.

As fortunas dos cinco mais ricos subiram de US$ 405 bilhões para US$ 869 bilhões no período. A grande maioria é formada por CEOs ou donos de grandes corporações.

Segundo o relatório, 37% dos CEOs das 50 maiores empresas do mundo estão na lista de bilionários.

De modo geral, o levantamento escancara que a soma de bilionários do planeta está US$ 3,3 trilhões, ou 34%, mais rica do que no início desta década. O patrimônio desse grupo cresceu o triplo da inflação no período.

Um dos exemplos mais emblemáticos é o do empresário Elon Musk, dono da Tesla e do X (ex-Twitter). Ele ocupa o primeiro lugar da lista, com aumento de 737% em seu patrimônio.

Para efeito de comparação, o ex-líder do ranking, o mega-investidor Warren Buffett, é hoje o quinto homem mais rico do mundo. A fortuna dele cresceu 48% no período, segundo o levantamento.

Por outro lado, a parcela de riqueza dos 60% mais pobres, que era de 2,26%, caiu para 2,23%, segundo os dados compilados pela Oxfam a partir do Relatório Global de Riqueza de 2023, do banco suíço UBS, e dos dados globais de riqueza do Credit Suisse relativos a 2019, período anterior à pandemia de coronavírus.

“Em apenas três anos, vivemos uma pandemia global, guerra, uma crise no custo de vida e o colapso climático, e cada crise ampliou o fosso —não tanto entre os ricos e as pessoas que vivem na pobreza, mas entre uns poucos membros de oligarquias e a grande maioria”, diz o texto.

Metade dos ativos globais está nas mãos de apenas 1% da população, revela o estudo, que reforça as desigualdade entre países ricos e pobres; a diferença de renda entre brancos e negros e a falta de equidade entre homens e mulheres.

Na questão de gênero, o levantamento afirma que as mulheres detêm, em média, 38,5% das riquezas globais, ainda que sejam 49% dos habitantes do planeta, segundo projeções mais recentes.

Nessa toada, mundo terá em uma década seu primeiro trilionário

O relatório da Oxfam ainda mostra que o mundo terá seu primeiro trilionário em 10 anos. A pobreza, no entanto, não será erradicada nos próximos 230 anos. A estimativa é calculada em dólar.

Isso porque, segundo a ONG, há uma “imensa concentração do poder das grandes empresas e monopólios em nível global”, que “está exacerbando a desigualdade em toda a economia”.

Segundo o documento, sete das 10 maiores corporações do mundo tem um bilionário como CEO ou principal acionista.

Essas empresas valem, juntas, US$ 10,2 trilhões, mais do que o PIB (Produto Interno Bruto) combinado de todos os países da África e da América Latina.

Atualmente os três mais ricos do mundo, segundo a Forbes, são, além de Elon Musk, Bernard Arnault (diretor do grupo LVMH) e Jeff Bezos (fundador da Amazon).

Em 2023, 69% da riqueza e 74% dos bilionários se concentravam nos países mais desenvolvidos, localizados sobretudo no Hemisfério Norte e que abrigam apenas 21% da população.

Da redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias

 

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