A população indígena é a que tem menor taxa de participação no mercado, a segunda maior taxa de desemprego e o nível mais elevado de profissionais em postos informais. A baixa escolaridade e a maior exposição ao emprego informal agravam a vulnerabilidade de parcela da população indígena. Os dados fazem parte da pesquisa Pnad Contínua do IBGE, compilados pela pesquisadora do FGV Ibre, Janaína Feijó. A inserção dos indígenas no mercado de trabalho é um dos principais desafios da ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara. A pasta foi prometida por Lula durante a campanha eleitoral.
Enquanto a taxa de participação de brancos e amarelos era de 63,2% e a de pretos e pardos 62,3%, a da população indígena é de 59,7% no terceiro trimestre de 2022. Ou seja, a cada dez indígenas, apenas seis conseguem ofertar sua mão de obra no mercado de trabalho.
A taxa de desemprego também é maior entre a população indígena: 9,9% das pessoas desse grupo étnico que procuravam emprego no terceiro trimestre de 2022 não encontravam oportunidade, enquanto esse percentual entre brancos era de 6,8%. O indicador só não é maior que o de pretos e pardos (10,2%) dado o maior contingente desse grupo na população brasileira, explica a economista.
A dificuldade de inserção no mercado de trabalho para esse grupo se tornou ainda mais grave depois da pandemia. A taxa de participação não retomou o nível anterior: está 3,9 pontos percentuais abaixo do patamar observado no terceiro trimestre de 2019.
Baixo acesso à educação de qualidade e residência em regiões pouco dinâmicas em termos econômicos podem estar entre as principais razões pelas quais o mercado de trabalho é mais difícil para os indígenas, segundo a pesquisadora do FGV Ibre Janaína Feijó.
Taxa de informalidade da população indígena é de 48,5%. Já a de pretos e pardos é de 44,5%, e o de brancos e amarelos corresponde a 33,3%
Além da dificuldade de encontrar emprego, na maioria das vezes em que os indígenas encontram uma oportunidade, são em postos informais. O nível é bem mais elevado na comparação com os demais grupos étnicos: a taxa de informalidade é 48,5%. Já o de pretos e pardos é 44,5%, e o de brancos e amarelos é 33,3%.
Na reportagem publicada no G1, a pesquisadora Janaina Feijó explica que que a economia no Brasil é uma economia dual: mais de um terço da população ocupada está no setor informal, mas o percentual é ainda maior entre indígenas. Isso mostra a dificuldade desse grupo de se inserir no mercado. O posto informal é muito volátil e suscetível à dinâmica.
A baixa escolaridade é outro fator que dificulta no acesso a oportunidades. Dos 42,9 mil indígenas desempregados no terceiro trimestre de 2022, 59,6% possuem até o ensino fundamental completo. Pouco mais de um terço (34,1%) tem ensino médio completo e somente 6,3% possui ensino superior completo.
Em meio ao contexto de mudanças aceleradas no mundo do trabalho, a melhoria da qualificação profissional é o principal meio para que um trabalhador consiga ampliar suas chances de encontrar uma oportunidade. Para a pesquisadora do Ibre, as políticas são importantes para. Mudanças amplas. Sendo focalizadas, elas podem mudar a realidade dessa população.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias