No período de 2006 a 2022, a produção de arroz e feijão deu lugar à de milho e soja no país. De acordo com dados do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a área de plantio de arroz caiu 44% no período, enquanto a de feijão, 32%. Por outro lado, o espaço da produção de soja subiu 86% e o do milho, 66%. Essa inversão ocorreu principalmente porque os produtores conseguem exportar os dois grãos, cujo maior principal comprador é a China.
Por ora, essa situação ainda não afetou o abastecimento do mercado brasileiro com os ingredientes principais do tradicional prato do brasileiro. Isso porque, segundo reportagem do portal de notícias G1, a produção de arroz e feijão tem sido compatível com o consumo da população, segundo dados da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).
De 2008 a 2018, conforme a reportagem do G1, a média de consumo diário de feijão por pessoa passou de 183 gramas para 163,2 gramas. No caso do arroz, essa média recuou de 160,3 gramas a 131,4 gramas. Os dados são da Pesquisa de Orçamentos Familiares do IBGE. Por outro lado, não há dados mais atuais sobre o tema.
Ao longo da campanha, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reforçou que uma das suas metas será fomentar a agricultura familiar do Brasil, que produz grande parte dos alimentos que vão para a mesa do brasileiro. A ideia é usar o agro para ajudar a acabar com a fome no país, onde 33 milhões de pessoas estão em situação de insegurança alimentar grave.
Entre os planos de Lula está retomar os estoques de grãos, que já haviam sido usados em seu governo, para ajudar a controlar o preço dos alimentos, incentivando, ao mesmo tempo, a produção agrícola de pequenos produtores. Lula já disse como pretende fazer isso: “Aumentando a produção agrícola se pode fazer o estoque, fazendo o estoque pode controlar o preço colocando mais produto no mercado. Nós fizemos isso”, frisou o então candidato.
Produção de arroz e feijão passou a ser menos lucrativa, já que soja e o milho são commodities muito utilizadas pela indústria
Nos anos 2000, a soja e o milho, commodities muito utilizadas pela indústria, principalmente de ração animal, tiveram sua área de plantio ampliada para atender à demanda de mercados externos, como a China.
O arroz tem basicamente o Rio Grande do Sul como seu principal polo produtor no Brasil. Além disso, houve a substituição de plantios pela pecuária. Por essa razão, tem sido mais vantajoso aos produtores cultivar soja e milho pelo lucro gerado na exportação, principalmente nos últimos anos, com o dólar rodando em patamares elevados.
Para efeito de comparação, o faturamento da soja e do milho aumentou 355% e 310%, respectivamente, nos últimos 16 anos, enquanto a receita com o arroz e o feijão ficou praticamente estável no período.
Também pesa contra o arroz e feijão o custo de produção. Dados da Federarroz (Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul), para cultivar milho, um produtor do estado gasta, em média, R$ 7 mil por hectare. Com a soja, esse custo chega a R$ 8 mil.
Por sua vez, o custo para produzir arroz sob as mesmas condições chega a R$ 14 mil, conforme dados da Conab. Essa cultura tem muitos gastos com mão de obra, irrigação e, também, insumos agrícolas.
Por um tempo, os produtores faziam uma rotação de cultura entre a soja e o arroz, em épocas diferentes. Esse sistema contribui para a nutrição do solo. Contudo, conforme a reportagem do G1, de 5 anos para cá a soja passou a ser prioridade em detrimento do arroz.
A previsão é de que o trigo também venha a se somar com a soja e o milho. Ele já tem sido cotado para substituir áreas de arroz, principalmente no Rio Grande do Sul.
A área plantada de feijão também deve encolher mais 1,048 milhão de hectares na próxima década, segundo estimativa do Ibrafe (Instituto Brasileiro do Feijão e Pulses). A instituição também estima que a de arroz também vai diminuir cerca de 1,046 milhão de hectares no mesmo período.
Da Redação ICL Economia
Com informações do portal de notícias G1