O Banco Central do Brasil vai instituir o projeto-piloto do real digital a partir deste mês de março. A futura moeda digital brasileira trabalhará em um sistema integrado ao Pix, com a promessa de ser mais seguro, eficiente e ter menor custo de intermediação. A ideia é que o projeto esteja funcionando até o fim de 2024, conforme informação do presidente do BC, Roberto Campos Neto.
“Em termos de próximos passos, este mês a gente já vai ter um piloto da moeda digital, o Brasil vai ser um dos primeiros países do mundo a fazer isso”, disse Campos Neto durante participação em evento em uma universidade em Brasília.
O projeto está sendo desenvolvido pelo Banco Central em parceria com diversas instituições. De acordo com Campos Neto, a moeda digital vai ser uma extensão do dinheiro hoje utilizado pelas pessoas. “Basicamente, pegar um depósito, bloquear ele e emitir um token [chave eletrônica] em cima daquele depósito”, resumiu.
Como dito anteriormente, entre as vantagens prometidas do real digital em comparação com o dinheiro em papel, estão o menor custo de intermediação, maior eficiência, maior inclusão digital e a possibilidade de monetização.
Ele ainda salientou que não haverá necessidade de nova regulamentação para o lançamento da moeda digital, uma vez que, como ela funcionará como uma espécie de “depósito tokenizado”, a proposta se insere na regulação do depósito. “Isso significa muito, imagina fazer uma nova regulamentação inteira”, disse Campos Neto.
Meta do BC é integrar o Pix com o Open Finance e os dois sistemas com o real digital, cuja diferença básica é a programabilidade
Dias atrás, durante participação de um evento de um banco, o presidente do BC explicou que a moeda digital será emitida pelo banco central (CBDC) para empresas e que a população terá contato com a CBDC via depósitos tokenizados e convertidos em criptomoedas de valor estável emitidas por bancos e instituições aprovadas pela autoridade monetária. A ideia é, dentro do plano de metas da agenda do BC, que o Pix seja integrado com o Open Finance e ambos, com o real digital.
A custódia do real digital ficará a cargo do Banco Central e a versão digital poderá ser trocada pela física e vice-versa. A cotação frente a outras moedas também será a mesma.
Contudo, não será permitido que os bancos emprestem a terceiros esses recursos, como acontece atualmente com o real físico, e depois os devolva aos clientes.
Importante salientar também que, diferentemente das criptomoedas, não haverá remuneração do real digital, ou seja, os recursos não terão uma correção automática.
Por outro lado, haverá uma garantia da segurança jurídica, cibernética e de privacidade nas operações.
A primeira fase de implementação da proposta (Lift Challenge) reuniu projetos e empresas com propostas de casos de uso para a futura moeda digital. A fase inicial começou em 2022 e ajudou a delimitar melhor os usos da moeda. A Federação Nacional de Associações dos Servidores do Banco Central foi uma das coordenadoras do processo, que reuniu mais de 200 pessoas e 30 empresas e instituições financeiras.
O real digital está sendo visto como a “terceira peça” da modernização do sistema financeiro brasileiro, que começou com o Pix na área de pagamentos instantâneos e prosseguiu com o Open Finance, um mecanismo de padronização de dados para compartilhamento entre instituições financeiras.
Por meio do real digital, as transações poderão ser feitas de modo programável dentro de determinadas condições para serem executadas. Por isso a modalidade está sendo chamada de uma versão “inteligente” do Pix. A diferença entre um e outro é, basicamente, a programabilidade que o real digital vai permitir.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias, do G1 e do Portal Exame