O salário do professor do ensino fundamental II no Brasil (6º, 7º, 8º e 9º anos) é, em média, 47% menor do que a média do que ganham seus pares em países mais ricos. Enquanto aqui esse profissional recebe o equivalente a US$ 23.018 por ano (cerca de R$ 128 mil), os docentes das nações no âmbito da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) ganham em torno de US$ 43.058 anuais (aproximadamente R$ 237 mil).
Os dados são do relatório Education at a Glance 2024, publicado nesta terça-feira (10), pela organização internacional, grupo do qual o Brasil não faz parte.
O estudo é realizado anualmente pela OCDE analisando 49 países. Fazem parte da organização economias desenvolvidas como Alemanha, Bélgica, Estados Unidos, Reino Unido, Dinamarca, Itália, Japão, Holanda e França, além de países emergentes como Turquia e México.
Para efeito de comparação com outros países latino-americanos, o salário inicial no Chile é de US$ 29.453,39 por ano, e no México, de US$ 33.062,45.
O sarrafo sobe quando se olha para nações mais ricas. Na Alemanha, o salário médio anual de um professor é de US$ 85.731,98 anuais, e nos Estados Unidos, de US$ 48.899,27.
A conversão para comparação dos salários é feita usando a escala de paridade do poder de compra, que reflete o custo de vida nos países. O cálculo inclui eventuais bonificações e o décimo terceiro salário.
Além de ganharem menos, os professores do fundamental II têm de trabalhar mais horas: 800 horas por ano no Brasil ante 706 horas da OCDE.
Salário do professor tem efeitos ainda maiores em alunos mais vulneráveis
O relatório aponta que professores bem pagos e bem preparados elevam significativamente as chances de aprendizagem e sucesso dos estudantes no futuro, com impactos ainda maiores sobre aqueles em situação de vulnerabilidade social.
A remuneração mais elevada, conforme parte dos especialistas, é uma estratégia para tornar a carreira mais atrativa para novos profissionais e reter talentos na docência.
“O trabalho dos professores consiste em uma variedade de tarefas, incluindo o ensino, mas também a preparação de aulas, a avaliação de tarefas e a comunicação com os pais. O número de horas que os professores são contratualmente obrigados a ensinar varia muito entre os países″, descreve o relatório.
Somado ao salário menor e à menor carga horária, o professor do fundamental II no Brasil tem ainda que lidar com muito mais alunos em sala de aula.
Nos países da OCDE, a média em sala de aula do fundamental I é de 14 alunos e, no II, de 13 alunos por professor (este último é o mesmo do ensino médio). No Brasil, por sua vez, os números correspondentes são 23 estudantes no ensino fundamental I e 22 no ensino fundamental II e ensino médio.
“Os países fazem escolhas diferentes quanto a operar muitas escolas pequenas ou menos escolas grandes. Embora as escolas pequenas sejam importantes para garantir que a educação primária seja acessível, especialmente em áreas rurais pouco povoadas, seu funcionamento pode ser caro e talvez seja necessário recorrer ao ensino em várias séries”, acrescentou o relatório.
Com relação à idade média dos professores de ensino fundamental II, houve um aumento em toda a OCDE entre 2013 e 2022: 36% dos professores têm 50 anos ou mais, ligeiramente acima dos 35% de 2013.
O Brasil, por sua vez, tem um corpo docente mais novo, com apenas 25% dos professores acima de 50 anos, em comparação com 19% em 2013.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias