Cinco maiores bancos do País concentram 81,4% do mercado de crédito, segundo relatório do BC

Nível de concentração nos bancos do País permanece elevado nos financiamentos rurais e agro, nos financiamentos habitacionais e nos financiamentos de infraestrutura e desenvolvimento (para empresas)
7 de outubro de 2022

Os cinco maiores bancos do País (Itaú, Bradesco, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Santander) encerraram 2021 com 81,4% de concentração do mercado de crédito e com 77,4% dos depósitos totais. As informações foram divulgadas pelo Banco Central (BC) nesta quinta-feira (6) no Relatório de Estabilidade Financeira de 2021. Os cálculos englobam bancos comerciais, bancos múltiplos com carteira comercial e as caixas econômicas. Os grandes bancos do País  também fazem parte da lista dos 10 mais rentáveis do mundo, como Itaú, Banco do Brasil e Bradesco. A alta rentabilidade dos bancos, associada à concentração, facilita a especulação financeira dos bancos em detrimento do menor poder de compra de muitos brasileiros.

Segundo o Banco Central, houve queda em relação à concentração registrada no fechamento de 2020, quando os bancos do País detinham 81,8% de todas as operações de crédito e 79,1% dos depósitos bancários. A queda da concentração de banco é “observada em todos os agregados contábeis e, de forma mais intensa, nos depósitos totais”

A instituição acrescentou que a redução da concentração ocorreu apesar de, em 2021, terem sido avaliados 12 atos de concentração. “Quatro desses atos de concentração envolveram diretamente pelo menos um banco e alguma modalidade de crédito entre os mercados relevantes impactados”, acrescentou.

De acordo com o BC, o nível de concentração permanece elevado nos financiamentos rurais e agro, nos financiamentos habitacionais e nos financiamentos de infraestrutura e desenvolvimento (para empresas).

Lucro líquido dos bancos do país somou R$ 132 bilhões e bateu novo recorde no ano passado

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Crédito: Envato

Segundo o relatório do Banco Central, o grau moderado de concentração é observado nas operações de aquisição de recebíveis comerciais (pessoas jurídicas), no crédito pessoal com consignação em folha (pessoa física) e no cartão de crédito.

No ano passado, a rentabilidade das instituições financeiras se recuperou após redução de lucros registrada em 2020 com a pandemia da Covid-19, e o lucro dos bancos bateu recorde em 2021.

Segundo o BC, o chamado retorno sobre o patrimônio líquido do sistema bancário nacional alcançou 15,1% em dezembro do ano passado, contra 11,5% no fechamento de 2020 (quando caiu por conta dos efeitos da pandemia).

E o lucro líquido dos bancos somou R$ 132 bilhões e bateu novo recorde no ano passado. A série histórica do Banco Central para este indicador começa em 1994.

Em 2021, o volume total do crédito ofertado pelos bancos cresceu 16,5%, atingindo a marca inédita de R$ 4,02 trilhões, segundo números do BC. O crescimento registrado foi de R$ 664 bilhões no período.

De acordo com informações da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), o “expressivo resultado” do crédito bancário ano passado foi motivado pelos empréstimos destinados às famílias. Vale reforçar que isso tem aumentado o endividamento, que todo mês bate novo recorde.

A Febrabran comunicou, segundo reportagem publicada no G1, que os empréstimos cresceram de “forma ininterrupta ao longo do ano, beneficiado pela reabertura das atividades econômicas em decorrência principalmente do avanço da vacinação no país”.

Ao mesmo tempo, o juro bancário médio registrou a maior alta em 6 anos em 2021 e atingiu a 33,9% ao ano. Com base em recursos livres, essa taxa não considera os setores habitacional, rural e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)

O crescimento do juro bancário também superou, no ano passado, a alta da taxa básica de juros definida pelo Banco Central para tentar conter a inflação. A Selic avançou de 2% para 9,25% ao ano em 2021, uma alta de 7,25 pontos percentuais.

A taxa média de juros cobrada nas operações com empresas subiu para 20% ao ano em dezembro do ano passado (a maior desde janeiro de 2019, em 20,3% ao ano), contra 11,6% ao ano no fim de 2020, uma alta de 8,4 pontos percentuais.

Os juros médios nas operações com pessoas físicas subiram para 45,1% ao ano em dezembro de 2021 (a maior desde março de 2020, em 46,4% ao ano), contra 37,2% ao ano no fim de 2020, uma alta de 7,9 pontos percentuais.

Redação ICL Economia

Com informações das agências de notícias

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