No Reino Unido, 60% das empresas aprovam semana de trabalho de 4 dias em projeto-piloto

A receita das empresas participantes do projeto aumentou, em média, mais de um terço durante o período do teste ante a mesma base de 2021. O número de funcionários que se demitiu reduziu significativamente
23 de fevereiro de 2023

Do total de 61 empresas participantes de um projeto-piloto no Reino Unido para semana de trabalho de quatro dias, 18 disseram que manteriam essa jornada desse modo por conta dos benefícios alcançados. Outras 38 afirmaram que continuariam o teste, que durou seis meses. Segundo reportagem publicada no Financial Times, os organizadores do projeto querem fazer da semana de trabalho de quatro dias o novo padrão do mercado, com base em um modelo de cem por cento do salário para 80% do tempo de trabalho, em troca de um compromisso de entrega total da produção esperada.

No Brasil, embora o governo tenha anunciado algumas mudanças, como um grupo de trabalho formado com centrais sindicais para discutir a nova política salarial, ainda não há no horizonte iniciativas para redução da jornada semanal. 

Iniciado no segundo semestre do ano passado no Reino Unido, o projeto-piloto da jornada semanal de quatro dias foi organizado pela organização ativista 4 Day Week Global, pelo instituto de pesquisa Autonomy e por pesquisadores do Boston College e das universidades de Cambridge e Oxford.

As empresas que se inscreveram no projeto-piloto pertenciam a grupos de educação, consultorias, bancos, companhias de tecnologia, recursos humanos e redes de varejo, que empregam quase três mil trabalhadores. Todas adotaram diversas abordagens para a semana de trabalho de quatro dias, incluindo a oferta de folga na sexta-feira ao seu pessoal, enquanto outros deixaram que seu pessoal trabalhasse 80% das horas de trabalho do regime padrão, distribuídas de modo flexível.

A receita das empresas participantes aumentou, em média, mais de um terço durante o período do teste, em comparação com a mesma base de 2021. O número de funcionários que se demitiu diminuiu significativamente.

Semana de trabalho de 4 dias teve bons resultados em diferentes tipos de organização

semana de trabalho, estudo do sebrae, demanda por trabalhadores, Pesquisa FGV IBRE, servidores públicos, taxa de desemprego, subsídios do governo, número de vagas, jornada de trabalho, mulheres no trabalho, carteira assinada

Crédito: Envato

A diretora do estudo, professora Juliet Schor, do Boston College, afirmou que “os resultados são em geral firmes em locais de trabalho de tamanho diferente, o que demonstra que essa é uma inovação que funciona para muitos tipos de organizações”.

Muitas empresas no Reino Unido adotaram maior flexibilidade para o seu pessoal desde a pandemia de Covid-19, com base em uma combinação de trabalho remoto e no escritório, embora algumas estejam começando a retornar ao sistema que empregavam antes da crise sanitária.

Os céticos quanto ao teste da jornada semanal reduzida argumentam que projetos-piloto como esse atraem trabalhadores predispostos a preferir a jornada mais curta, o que reduz a probabilidade de demissões voluntárias na empresa. Além disso, há preocupações de que os ganhos de produtividade possam diminuir quando os arranjos de trabalho revistos forem adotados permanentemente.

O teste organizado pela 4 Day Week Global constatou que jornadas de trabalho mais curtas melhoravam o bem-estar dos empregados, e que 40% dos trabalhadores afirmavam que se sentiam menos estressados. Ainda, mais de 70% deles avaliavam que seu nível de burnout (esgotamento) tinha diminuído. Os empregados também afirmaram que era mais fácil equilibrar o trabalho e os compromissos familiares e sociais.

Os pesquisadores encontraram pouca diferença nos resultados entre diferentes setores empresariais. Inicialmente, 70 empresas se inscreveram no teste organizado pela 4 Day Week Global. Nove decidiram não participar por falta de preparação, dificuldades na medição do desempenho e preocupações de que os trabalhadores não conseguiriam os resultados esperados.

Redação ICL Economia
Com informações da Folha de S.Paulo

Fonte: Financial Times

Continue lendo

Assine nossa newsletter
Receba gratuitamente os principais destaques e indicadores da economia e do mercado financeiro.