No balanço divulgado pelo Dieese das negociações salariais em março, 51,9% dos trabalhadores que tiveram seus reajustes no mês de março não obtiveram nem o valor do INPC-IBGE. Isso significa que houve perda de salário real. Outros 34,2% tiveram reajuste igual ao índice e apenas 13,9% obtiveram ganhos reais.
A alta da inflação segue sendo um desafio para sindicatos, trabalhadores e campanhas salariais. Para categorias com data-base em março, o reajuste necessário era de 10,80% e agora, em abril, está em 11,76%. Em abril do ano passado, estava em 6,94%. A aceleração nos índices tem como principal causa a alta do preço dos alimentos e dos combustíveis.
Os economistas André Campedelli e Deborah Magagna, do Boletim Economia para Todos Investidor Mestre, explicam que “está cada vez mais difícil o trabalhador conseguir um reajuste anual que ao menos corrija seu salário real pelo índice inflacionário e, num cenário de alto desemprego e baixa organização sindical e trabalhista, a tendência é de que a maior parte dos trabalhadores tenham reajuste abaixo da inflação pelo menos nos próximos meses”.
A região onde ocorreram os piores reajuste foi a Centro-Oeste, com 62,7% das negociações salariais abaixo do INPC, seguida da região Norte com 51,7%. O Sudeste apresentou os melhores resultados, 41,9% dos acordos salariais ficaram acima do índice da inflação e 36,8% abaixo.
Por tipo de atividade, os resultados foram um pouco melhores na indústria e no comércio, setores em que os acordos abaixo do INPC representaram 32,4% 34,4%, respectivamente. Nos serviços, predominam os acordos com as piores perdas (43,9%).
Renda média real
A renda média real dos trabalhadores brasileiros também teve queda de 0,5% no mês de março e, segundo o estudo do Dieese, desde janeiro de 2021 não houve nenhum momento de ganho salarial real médio. O pior momento foi em julho de 2021, quando foi registrada queda de 1,98%.
André Campedelli e Deborah Magagna reforçam, em sua análise, que o trabalhador brasileiro continua em uma situação muito frágil no mercado de trabalho. “O efeito do desemprego e a alta inflação, em conjunto com a desorganização sindical que os trabalhadores vivem atualmente, fazem com que os reajustes sejam cada vez mais complicados de se obter e resultam em perdas reais do salário no período”.
Redação ICL Economia
Com informações do Boletim Economia para Todos Investidor Mestre