O dólar chegou a superar a marca psicológica de R$ 5,00 nesta terça-feira (26), com a moeda brasileira liderando com folga as perdas entre as principais divisas globais na sessão, mesmo depois de o Banco Central anunciar leilão extraordinário de swaps cambiais.
A moeda norte-americana bateu R$ 5,0003 no pico da sessão, alta de 2,53%, às 11h45 (horário de Brasília), momento em que veio a informação de que o Banco Central realizaria, entre 12h20 e 12h30 desta terça-feira, leilão de até 10 mil contratos de swap cambial tradicional. Às 14h35 (de Brasília), o dólar comercial estava em R$ 4,96, com alta de 1,80%.
Foram vendidos na operação do Banco Central todos os US$ 500 milhões ofertados na forma de contratos de swap cambial tradicional. Foi a primeira operação deste tipo desde o leilão realizado em 22 de dezembro de 2021.
Em dois pregões, o real amargou o pior desempenho entre seus principais pares emergentes. A alta do dólar acumulada em apenas duas sessões foi de 5,59%, passando de R$ 4,62 para perto dos R$ 4,90, a mais forte na mesma base de comparação desde 18 de maio de 2017 (alta de 9,48%). Naquela data, o dólar disparou 8,15%, reagindo à delação de Joesley Batista, um dos sócios da JBS, que envolveu o então presidente da República Michel Temer.
Economia chinesa, política monetária agressiva nos EUA e crise entre poderes no Brasil estão entre as causas da alta do dólar
Ontem, o dólar começou a ganhar tração no exterior devido à deterioração dos mercados na Europa e à queda das matérias-primas, frente aos temores relacionados à economia chinesa e a um banco central nos Estados Unidos mais agressivo na política monetária.
Alguns investidores apontavam o ambiente político doméstico desconfortável como fator adicional de cautela. Ruídos de natureza política voltaram a pesar sobre o mercado nos últimos dias. Investidores tiveram de lidar com novas manchetes sobre chances de aumento de gastos eleitoreiro com o Auxílio Brasil.
É difícil determinar se de fato as recentes questões políticas estão elevando o preço do dólar no mercado, mas ignorar estes temas não parece mais uma opção, segundo a avaliação de alguns analistas de mercado. Entre os inúmeros fatos políticos, há a crise entre os 3 poderes em torno do perdão concedido por Bolsonaro ao deputado Daniel Silveira. Há ainda a tensão criada entre o Ministro Barroso do STF e as Forças Armadas sobre a lisura das urnas eletrônicas. Também a proximidade das eleições interfere na oscilação da moeda.
Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 2,08%, a 4,9870 reais, após cravar 5,007 reais, máxima desde 21 de março passado.
Divisas emergentes pares do real, como pesos mexicano, chileno e colombiano, também operavam no vermelho, embora caíssem a ritmos bem mais comportados.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias