Os atos golpistas de 8 de janeiro causaram um prejuízo estimado de R$ 4,3 milhões ao Palácio do Planalto. A estimativa foi encaminhada ao Executivo para a CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) que investiga os ataques antidemocráticos contra os três poderes da República naquele dia. A maior parte do valor se refere a obras de arte, que foram depredadas por vândalos apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
O relatório enumera os bens danificados ou extraviados pelos vândalos. A Coordenação-Geral de Gestão Patrimonial da Presidência identificou 24 obras de arte danificadas, sendo 15 delas com valores avaliados pelo órgão (R$ 3,5 milhões).
Contudo, o prejuízo ao patrimônio público é bem maior, pois alguns bens depredados não puderem ser avaliados devido, por exemplo, a valor simbólico, como o relógio francês do século 17, entregue pela corte francesa como um presente a Dom João 6º.
Segundo o jornal Folha de S.Paulo, há somente duas unidades do relógio produzido pelo artista Balthazar Martinot. O segundo está no Palácio de Versailles, na França.
O armário usado como base para o relógio, uma ânfora em porcelana e uma cadeira de jacarandá, também estão entre as obras danificadas cuja avaliação não pode ser feita.
Dentre os bens cujo prejuízo pode ser avaliado está o quadro As mulatas, de Emiliano Di Cavalcanti, estimado em R$ 3,2 milhões.
Um laudo feito pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) mostra que a obra foi danificada com sete perfurações. “A extensão de cada perfuração (tamanho médio da pedra portuguesa), a característica de cada dano (com destacamento parcial do suporte) e localização na tela (ao centro de sua extensão) podem levar ao agravamento da deterioração em decorrência da movimentação natural das fibras do tecido em estiramento”, detalharam os técnicos no laudo.
Entre os bens vandalizados também está um banco projetado por Oscar Niemeyer e sua filha Anna Maria, avaliado em R$ 15,5 mil.
Planalto gastou R$ 300 mil para recuperar áres internas e externas vandalizadas nos atos golpistas
Somente para a recuperação física das áreas internas e externas, o Palácio do Planalto gastou cerca de R$ 300 mil, conforme o relatório enviado à CPMI. A maior parte do valor refere-se aos vidros quebrados pelos bolsonaristas, que queriam deslegitimar a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), incitando o país a um golpe militar.
Segundo a Presidência da República, 189 bens móveis foram danificados pelos vândalos, em um prejuízo de R$ 363 mil.
Não só pelo valor simbólico, mas toda a destruição causada pelos bolsonaristas radicais corresponde a um prejuízo a todo povo brasileiro, que é quem, ao fim e ao cabo, vai pagar a conta.
Além da destruição material e simbólica de parte do patrimônio do país abrigado no Palácio do Planalto, os vândalos também furtaram 149 itens da Presidência, no valor de R$ 142 mil.
A relação dos itens roubados inclui oito armas de choque tipo spark elite 22.0, aparelhos de saúde (estetoscópio, nebulizador e glicosímetro) e quatro algemas.
Os relatórios enviados à CPI do 8 de janeiro ainda apresentam uma série de fotografias que mostram como os bens estavam antes da depredação e como ficaram após a invasão dos bolsonaristas radicais, e atendem a pedido da senadora Augusta Brito (PT-CE), para permitir a reparação mais fidedigna aos cofres públicos.
Em fevereiro, a AGU (Advocacia-Geral da União) pediu à Justiça que ampliasse uma ação cautelar que bloqueou bens de suspeitos de financiar o fretamento de ônibus para levar os vândalos a Brasília em um processo maior, que garantisse a condenação definitiva de ressarcimento aos cofres públicos.
O valor calculado pelo AGU é de R$ 20,7 milhões, feito sobre os prejuízos apontados pelo STF (Supremo Tribunal Federal), Palácio do Planalto e Congresso Nacional.
Ontem (27), o coronel do Exército Jean Lawand Júnior negou, em depoimento à comissão, ter falado ou incentivado um golpe de Estado. Segundo ele, as mensagens que enviou ao ex-ajudante de ordens da Presidência Mauro Cid foram para pedir ao ex-presidente Bolsonaro que “apaziguasse” o país.
Redação ICL Economia
Com informações da Folha de S.Paulo