Com a inflação que bate recorde histórico no país, com o maior índice (1,73%) para um mês de abril desde 1995, o atual governo se refuta de sua responsabilidade e tenta culpar apenas variáveis de conjuntura internacional.
O governo usa da justificativa que não pode fazer nada além de elevar os juros, melhorar as contas públicas e esperar passar os choques temporários de custo. Porém, isto não é completamente verdade, como explicam os economistas André Campedelli e Deborah Magagna, do Boletim Economia para Todos Investidor Mestre. “O governo poderia já ter tomado algumas atitudes para minimizar a situação e, para piorar, a alta dos alimentos e combustíveis é resultado direto das políticas que se iniciaram com Temer e se aprofundaram com a dupla Guedes e Bolsonaro”.
Segundo os economistas, na questão dos alimentos, a crise climática que o país vive, com altas temperaturas e poucas chuvas que prejudicam as plantações, são em grande parte fruto do aumento da destruição do meio ambiente brasileiro, que se intensificou no governo Bolsonaro. “O governo Bolsonaro pouco fez para amenizar a destruição ambiental, como as queimadas na Amazônia e no Pantanal. Pelo contrário, promoveu retrocessos na área, com a redução de fiscalização e aumento da influência de garimpeiros e ruralistas em zonas de proteção ambiental”, destacam.
Outro fato que eleva a alta dos preços dos alimentos é a dependência da monocultura agrícola existente no país e, novamente, trata-se de uma omissão do governo Bolsonaro em tentar resolver a questão. O país cada vez mais depende da venda de soja e milho em suas exportações, que já chegam a 50% da nossa pauta exportadora. Campedelli e Magagna explicam que “esses produtos são totalmente voltados para os mercados internacionais e nada se faz para que ocorra uma redução de danos quando o preço destas mercadorias se eleva no exterior. Então, hoje somos uma grande fazenda destruidora do meio ambiente que produz somente para fora do país e quase nada para abastecer o mercado interno”.
Preço dos combustíveis
Desde 2016, ainda no governo Temer, a política de precificação dos combustíveis foi mudada, com o custo medido a partir do preço internacional do petróleo, cotado em dólares, e com um período de repasse de preços, quase que imediato, quando se alteram os custos de produção. O governo Bolsonaro não apenas defende, mas segue essa política de preços, que serve somente para aumentar a taxa de lucro da Petrobras, que repassa altas fatias de dividendos aos seus acionistas, muitos deles estrangeiros.
A única medida que o governo toma para tentar amenizar a situação é aumentar a taxa de juros, que prejudica ainda mais a retomada da economia. “Nenhum país realiza reajuste dessa forma. Todos fazem uso de uma média móvel (ou seja, utilização dos custos médios de determinado período, como, por exemplo, 12 meses), para realizar o cálculo do preço do combustível. O cálculo evita que choques sejam completamente repassados no curto prazo, além de evitar que a enorme volatilidade do preço internacional das commodities seja um fator de volatilidade inflacionário”, argumentam os economistas.
Redação ICL Economia
Com informações do Boletim Economia para Todos Investidor Mestre