A rede de varejo Marisa informou que concluiu seu plano de reestruturação financeira com um total de 88 lojas fechadas. Segundo comunicado da empresa, divulgado na última segunda-feira (17), foram investidos R$ 44,5 milhões para a desativação das unidades. O plano inicial previa o fechamento de 92 lojas.
No comunicado, a varejista com foco em moda para o público feminino disse ter optado pelo encerramento de um número menor de unidades “visando à preservação de pontos em que foram identificadas melhorias e que deverão resultar em maior eficiência operacional”. Desse modo, o custo para fechamento de unidades ficou 16% abaixo do previsto inicialmente.
Ainda, segundo o comunicado, a companhia está empenhando esforços para tentar recuperar sua capacidade de gerar caixa e para voltar a ser rentável.
A empresa projeta uma potencial captura de Ebtida (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de cerca de R$ 40 milhões em 2023 e de aproximadamente R$ 60 milhões ao ano a partir de 2024.
De acordo com a companhia, a primeira parte do processo de redução de SG&A (despesas de vendas, gerais e administrativas) foi concluído, “viabilizando uma geração extra de caixa de R$ 35 milhões ao ano”.
“Ao longo do segundo semestre serão otimizados os serviços de terceiros e outras despesas, o que deverá gerar uma economia adicional de pelo menos R$ 10 milhões por ano”, continuou a empresa.
Nos últimos anos, a Marisa teve que lidar com a redução de qualidade dos produtos e a perda de poder de compra dessa fatia da população. As recessões de 2015 e 2016, somadas à pandemia de Covid-19, apertaram as finanças do público em geral e limitaram o avanço de empresas varejistas. E com a Marisa não foi diferente: em 2020, a empresa registrou um prejuízo líquido de mais de R$ 400 milhões, seguido por outro de mais de R$ 70 milhões em 2021 e outro de mais de R$ 200 milhões em 2022.
O cenário de reestruturação da Loja Marisa é diferente do caso da rede de varejo Americanas, que assumiu que as chamadas “inconsistências contábeis”, no valor de R$ 20 bilhões, na realidade, foi resultado de gestão fraudulenta, com rombo de mais de R$ 40 bilhões. A Americanas afirmou que a fraude ocorria na suposta contratação de bônus na indústria.
Na reestruturação financeira, processo de renegociação de dívidas atingiu 90% do total dos fornecedores da Marisa
Segundo o comunicado da rede, o processo de renegociação de dívidas atingiu 90% do total de seus fornecedores e 97% do total de valores devidos aos seus parceiros de revenda.
Essa não foi a primeira ação da companhia para tentar sair de uma crise financeira que há mais de 10 anos tem impactado seus resultados.
Só neste ano, por exemplo, a Lojas Marisa enfrentou a renúncia de cinco executivos da alta cúpula da empresa, contratou assessores externos e anunciou emissões de debêntures (títulos de dívida) e a venda de direitos creditórios (direitos aos créditos que a companhia tem a receber), informa a reportagem publicada no G1.
Além disso, a empresa já vinha mantendo esforços para renegociar prazos e dívidas com fornecedores, credores e proprietários de imóveis, reduzindo seus investimentos em estoques de produtos e cortando suas despesas operacionais.
Segundo a reportagem publicada no G1, a Marisa é uma das maiores redes de moda feminina e lingerie do Brasil, mas desde o início da década passada vive uma longa crise financeira. Em 2016, a família Goldfarb, fundadora da rede, deixou a gestão da empresa para dar lugar a um executivo de mercado.
Com foco na classe média, mais da metade de suas consumidoras possui renda entre R$ 3 mil e R$ 5 mil. Diante da crise, a companhia apertou as margens para manter preços baixos e deixou de inovar.
Em seu último resultado, divulgado no começo desta semana, a empresa reportou um prejuízo líquido de R$ 148,9 milhões no primeiro trimestre deste ano, um aumento de 64,2% em relação a igual período de 2022.
Os resultados ruins e a demora em uma mudança nas perspectivas da empresa levaram as ações da Marisa da casa dos R$ 27 em 2013 para menos de R$ 1 nos dias de hoje.
Para tentar superar a crise, a companhia informou, em fevereiro, que contratou a BR Partners, em “continuidade ao processo de otimização financeira e aprimoramento de sua estrutura de capital”. Desde então, o banco de investimentos tem assessorado a Marisa em seu processo de renegociação de dívidas.
A empresa também contratou a Galeazzi Associados na mesma época, para apoiá-la no aperfeiçoamento de sua estrutura de custos.
Em uma das últimas atualizações sobre sua situação financeira, a empresa informou que renegociou dívidas com 90% de seus fornecedores e 65% de proprietários de imóveis. Ainda assim, segundo relatório de resultados, a companhia ainda tinha uma dívida líquida de R$ 461 milhões ao final do primeiro trimestre deste ano.
Redação ICL Economia
Com informações do G1 e das agências de notícias