O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu nesta terça-feira (7) a participação do Estado como indutor de desenvolvimento, em cooperação com o capital privado. Disse que seu governo vai garantir estabilidade política, fiscal, social e jurídica para permitir que a classe empresarial promova o crescimento do país. Destacou principalmente a participação dos bancos públicos, como forma de oferecer crédito mais barato. E apostou na “transição verde” para estimular a reindustrialização do país.
“No nosso governo, a gente não vai tentar vender a cama para a gente dormir no chão. Não, a gente não vai vender ativos públicos. A gente vai fazer com que eles se tornem tão competitivos e que eles compartilhem relação com a iniciativa privada para que a gente possa melhorar”, disse Lula na abertura do Brasil Investment Forum, no Palácio Itamaraty, em Brasília.
“Eu quero que vocês aprendam que a gente não precisa diminuir o Estado para valorizar a iniciativa privada”, foi o recado do presidente aos participantes do maior fórum de investimentos da América Latina.
Nesse sentido, Lula destacou o papel dos bancos públicos no combate aos efeitos da crise mundial de 2008. Disse que o BNDES, por exemplo, vai voltar a ser um banco de investimento e desenvolvimento, após a carteira de investimentos do banco ter sido desidratada durante o governo anterior.
“Vamos usar os bancos públicos, não para prejudicar os bancos privados, mas para oferecer alternativas e oportunidades de crédito barato, a juros de longo prazo. Para que a indústria brasileira se transforme definitivamente numa indústria competitiva”, frisou.
Economia verde
Lula também alertou os empresários para a urgência em combater as mudanças climáticas. “A questão do clima é muito séria, e o planeta está dando um aviso: ‘cuidem de mim, não me destruam, que vocês serão destruídos junto comigo’”, afirmou. Este é o recado que estamos vendo nos ciclones, nos furacões, nas secas”, disse o presidente, citando a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.
“Ao invés de alguém não gostar da Marina porque ela defende muito a Amazônia, precisa começar a gostar da Marina. Porque ela começou a fazer por nós aquilo que já deveríamos fazer por nós mesmos”, destacou.
Por outro lado, disse que o atual momento oferece oportunidades para o país. “O Brasil tem tudo para que a gente tire proveito do momento histórico que estamos vivendo, para que nessa transição energética nós possamos fazer a nossa revolução industrial”, disse.
Citou os subsídios bilionários que os Estados Unidos vêm destinando à chamada “indústria verde“. Disse que o Brasil não vai subsidiar, mas “apenas incentivar”. “Nós não vamos subsidiar, nós vamos apenas incentivar quem quiser fazer investimento para fazer carro verde, bicicleta verde, carne verde”, disse.
Combate às desigualdades e ao ódio
Aos empresários, Lula vendeu otimismo, e estabeleceu uma meta ambiciosa para o comércio exterior brasileiro. “Ao invés de US$ 600 e poucos bilhões de comércio exterior, por que a gente não estabelece meta de chegar a US$ 1 trilhão de dólares de comércio exterior?”.
Lembrou, no entanto, a importância de distribuição de renda nesse modelo de desenvolvimento. “Este país chegou a ter o PIB crescendo 14% ao ano e o povo continuou pobre. A gente precisa fazer a economia crescer e o povo evoluir”. Nesse sentido, disse que seu sonho “não é ficar fazendo política social para os pobres”, mas transformar o Brasil numa sociedade com um “padrão médio de consumo”.
Ao final, conclamou os empresários a não permitirem que “o ódio se restabeleça”. “Esse é um país de paz, alegre. As pessoas gostam de festa, de futebol, de música. As pessoas não aprenderam a ter ódio nesse país. E com ódio a gente não faz nada. Quem semeia ódio, colhe tempestade. Quem semeia amor, colhe bonança. É isso que nós precisamos fazer nesse país”.