As bolsas da Europa e os índices futuros dos Estados Unidos amanhecem em baixa, nesta sexta-feira (5), acompanhando a volatilidade de ontem (4), após a divulgação de dados macroeconômicos mostrando que a economia norte-americana ainda mantém certa força, o que pode provocar pressões inflacionárias.
Os principais índices de ações encerram a semana em baixa nos Estados Unidos e no Brasil. O Nasdaq teve sua quinta queda seguida no pregão de ontem.
Além disso, há um movimento de correção do alto patamar ao qual chegaram as ações de tecnologia em dezembro.
A Apple, empresa mais valiosa do mundo, perdeu mais de 6% de seu valor nos últimos cinco pregões, contribuindo para o resultado negativo do S&P 500 e do Nasdaq. Hoje, o mercado seguirá de olho no desempenho das ações da big tech, que podem ter atingido o teto, segundo alguns analistas. A empresa da Califórnia teve suas ações rebaixadas pela segunda vez em menos de uma semana na quinta.
Para hoje, os agentes aguardam um dos dados mais importantes, o relatório de folhas de pagamentos (payroll) e os números de pedidos de auxílio-desemprego, que darão o termômetro da economia do país.
Projeções do mercado estimam que foram criados 170.000 empregos nos Estados Unidos em dezembro, e que a taxa de desemprego subiu de 3,7% para 3,8%.
O conjunto desses dados é importante balizador da política monetária do país. Uma economia ainda forte joga uma sombra sobre a eficácia do período de austeridade, com juros mais altos para controlar a inflação. O agentes acreditam que o Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) vai iniciar o ciclo de corte, mas não sabem quando nem a dose.
Essa impressão foi assentada com a divulgação da ata da última reunião de 2023 do Fed, divulgada anteontem (03), que reforçou um ambiente ainda é de cautela, uma vez que a economia norte-americana dá sinais de resiliência.
Por aqui, o Banco Central divulga os dados fiscais de novembro, como o resultado do setor público consolidado e a relação dívida/PIB do país. O IBGE divulga dados da produção industrial nacional de novembro.
Brasil
O Ibovespa fechou o terceiro pregão do ano, na quinta-feira (4), em baixa de 1,21%, aos 131.255 pontos, acompanhando a cautela dos demais mercados (para saber mais sobre o fechamento do mercado financeiro ontem, clique aqui).
Com a agenda de indicadores esvaziada no Brasil, os investidores por aqui acompanharam o desenrolar dos acontecimentos na maior economia do mundo, os Estados Unidos.
Apenas sete das ações do Ibovespa fecharam no azul. As blue chips (as ações mais queridinhas), como a Petrobras, tiveram desempenho pífio. A petroleira, um dos papéis de peso do principal indicador da bolsa brasileira, foi contaminada pelo relatório sobre estoques de combustível e energia nos EUA, que mostraram uma apreensão do mercado com esse setor.
Já o dólar terminou o dia a R$ 4,9079, com recuo de 0,15% no mercado à vista.
Estados Unidos
Os índices futuros de Nova York começaram o dia mistos, a exemplo do fechamento de ontem, mas logo reverteram para quedas. Há muito expectativa para a divulgação do relatório de folha de pagamentos (payroll) hoje.
Além disso, houve nova recomendação de rebaixamento das ações da Apple, que afetou todo o setor de tecnologia durante a semana.
Dow Jones Futuro (EUA), -0,1%
S&P 500 Futuro (EUA), -0,13%
Nasdaq Futuro (EUA), -0,2%
Europa
As bolsas da Europa também estão em movimento de baixa hoje, com os investidores repercutindo os dados de inflação da zona do euro.
O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) da região fechou o ano passado em 2,9% em termos anualizados, o que representou uma aceleração ante os 2,4% observados em novembro, de acordo com dados preliminares divulgados hoje pelo Eurostat, o escritório de estatísticas da União Europeia. A estimativa para a inflação mensal foi de 0,2% em dezembro.
O principal índice pan-europeu, o Stoxx 600, caiu 0,6% na abertura e foi puxado por ações varejistas. O setor recuou 1,3% após os números de vendas no varejo alemãs mais baixos que o esperado em novembro (queda de 2,5% versus o mês anterior ante projeção de -0,1%).
FTSE 100 (Reino Unido), -0,61%
DAX (Alemanha), -0,53%
CAC 40 (França), -0,83%
FTSE MIB (Itália), -0,36%
STOXX 600, -0,51%
Ásia
As bolsas da Ásia fecharam o dia mistos, com destaque para o Nikkei como único índice positivo.
O avanço vem após dados de atividade do setor privado no Japão indicarem estabilidade na contração econômica.
No acumulado semanal, a maioria dos índices registrou queda, em especial o HSI, que recuou 2,8% no período.
Shanghai SE (China), -0,85%
Nikkei (Japão), +0,27%
Hang Seng Index (Hong Kong), -0,66%
Kospi (Coreia do Sul), -0,35%
ASX 200 (Austrália), -0,07%
Petróleo
Os contratos de petróleo iniciam o dia em alta, após sessão de volatilidade e fechamento em queda ontem. A commodity foi pressionada pelas expectativas de juros nos EUA e alta nos estoques americanos de gasolina. Além disso, o petróleo reage hoje à possível nova escalada de tensões no Oriente Médio.
Petróleo WTI, +1,01%, a US$ 73,79 o barril
Petróleo Brent, +0,81%, a US$ 79,19 o barril
Agenda
Nos Estados Unidos, serão divulgados hoje o payroll (criação de vagas), com projeção LSEG de 170 mil novas vagas; a taxa de desemprego, com LSEG projetando 3,8% de crescimento; encomendas à indústria, com projeção de LSEG de +2,1% na comparação mensal; e o ISM de Serviços, com projeção LSEG de 52,6.
Por aqui, no Brasil, no campo político-econômico, o Brasil pagou, em 2023, R$ 4,6 bilhões em compromissos financeiros com organismos internacionais e zerou a dívida com essas instituições, divulgaram ontem, em Brasília, os Ministérios das Relações Exteriores e do Planejamento e Orçamento. O dinheiro foi repassado à ONU (Organização das Nações Unidas), bancos multilaterais, fundos internacionais e dezenas de instituições. Na agenda de indicadores, saem os dados do IGP-DI (projeção de +0,75%), o resultado primário (projeção de -R$ 34,5 bilhões), produção industrial (+0,2% na comparação mensal e +0,7% na comparação anual, pelo consenso LSEG); e balança comercial (projeção LSEG de R$ 7,8 bilhões).
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias, InfoMoney e Bloomberg