Movimento Basta de Abuso quer limite justo para taxa de juros dos bancos

Empréstimo pessoal no Brasil chega a cobrar 969% de juros ao ano
16 de maio de 2022

O Movimento Basta de Abuso, que objetiva a formação de um Projeto de Lei de Iniciativa Popular que estabeleça um limite justo para a taxa de juros dos bancos, foi destaque do ICL Notícias, na manhã desta segunda-feira (16).

Apresentado pelo Frei Davi, da Educafro e do ICL, a campanha visa defender o povo brasileiro, as famílias, os trabalhadores, os pequenos comerciantes, os aposentados, os estudantes e todos aqueles afetados pela alta taxa de juros dos bancos no país.

O Brasil cobra as maiores taxas de juros do mundo e “por que os deputados e senadores continuam a deixar os bancos usarem e abusarem dos pobres?”, questiona o Frei, que explica que o movimento quer convocar os parlamentares a não serem omissos.

“A riqueza que os bancos acumulam é roubo e nós, povo brasileiro, não podemos deixar que continuem a roubar do povo pobre, do povo negro, do povo indígena, do povo quilombola”, disse Frei Davi. Ele ainda citou como exemplo o caso de “um juiz em Minas Gerais que intimou um banco a indenizar uma mulher negra, sofrida, que, pelo empréstimo que fez, o banco cobrou 1.510% de juros ao ano. Isso é juro abusivo. São os maiores juros bancários do mundo. Na África do Sul, país sofrido também como o Brasil, os juros bancários não passam de 10% ao ano”.

O Movimento Basta de Abuso é uma mobilização horizontal, sem hierarquia, de iniciativa de brasileiros de diferentes regiões, situações sociais e econômicas, que pretende espalhar uma ideia. A explicação foi dada pelo advogado Marlon Reis, que já atuou como juiz de direito e afirmou ter julgado muitas sentenças de cobrança de juros abusivos e da imposição de empréstimos ilegais a idosos. “São situações aviltantes”, declarou.

Ele também explicou que o objetivo do movimento é superar no Brasil essa “situação escravizante, de ofensa aberta à dignidade da pessoa humana, que é o fato de nos tornamos o país onde se cobram as mais altas taxas de juros do mundo. (…) É uma transferência de renda às avessas. Os que menos têm bancam cinco instituições bancárias com 185% das operações de crédito”.

Dívida impagável: 969% de taxa de juros dos bancos

Para exemplificar a situação da taxa de juros dos bancos mais alta do mundo, o economista Eduardo Moreira, sócio-fundador do ICL, citou o caso de um jovem rapaz que sacou R$ 100 no caixa eletrônico em forma de empréstimo pessoal e terá que pagar juros 969% ao ano (veja na imagem o print do extrato). “Se o rapaz não pagar a dívida, em cinco anos, ele vai estar devendo R$ 14 milhões. Sim, a conta não está errada. No mundo inteiro, em cinco anos, você está devendo quase que a mesma coisa. No Brasil a dívida é impagável”.

Infelizmente, esclarece Moreira, “no Brasil pode fazer isso: escravizar as pessoas. Porque isso é escravizar as pessoas pelo resto da vida. E todo o dinheiro que esse jovem for ganhar na vida dele será transferido para o ‘bacana´ da Faria Lima [banqueiro], sem fazer nada, a não ser ficar ditando regras do que temos que fazer ou não fazer”.

Campanha esclarece o que são juros abusivos e o porquê de uma lei

Juros abusivos acontecem quando o banco cobra um juro muito maior do que o necessário para cobrir o risco do empréstimo ou quando está acima da média prevista pelo Banco Central. Todos os dias, milhares de famílias brasileiras são “extorquidas” por esses “agiotas legalizados.”

“O fato de não existir uma lei que limite a taxa de juros de serviços como cartão de crédito, cheque especial, empréstimo pessoal e outros financiamentos, permite que os bancos exagerem na cobrança dos juros e explorem seus clientes. É um enriquecimento imoral às custas dos brasileiros que necessitam desses serviços.”

Para conhecer o Movimento Basta de Abuso e assinar a petição, acesse:
movimentobastadeabuso.org

Redação ICL Economia

Continue lendo

Assine nossa newsletter
Receba gratuitamente os principais destaques e indicadores da economia e do mercado financeiro.