Embora o governo federal venha dizendo que é necessário baixar as águas no Rio Grande do Sul para que seja feita uma conta mais precisa, um levantamento da CNM (Confederação Nacional dos Municípios) aponta mais de R$ 967,2 milhões em prejuízos financeiros. Desse valor, R$ 423,8 milhões são na agricultura. Os dados dizem respeito a “apenas 25 municípios” dos 336 que tiveram o estado de calamidade pública decretado –ou seja, o valor total é maior.
“Considerando que o foco ainda é em salvar vidas, o valor total dos danos e prejuízos irá aumentar à medida que as águas forem baixando e os gestores locais conseguirem contabilizar esses dados”, diz a CNM.
Para efeito de comparação, no ano passado, quando um ciclone extratropical atingiu o estado, os prejuízos somaram mais de R$ 3 bilhões.
Brasil pode importar arroz e feijão para lidar com prejuízos nas safras
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta terça-feira (7) que, se for o caso, o Brasil pode importar arroz e feijão para lidar com prejuízos nas safras. A declaração foi dada durante entrevista à Empresa Brasil de Comunicação (EBC).
“Agora com a chuva eu acho que nós atrasamos de vez a colheita [do arroz] do Rio Grande do Sul. Se for o caso para equilibrar a produção, a gente vai ter que importar arroz, a gente vai ter que importar feijão para que a gente coloque na mesa do povo brasileiro um preço compatível com aquilo que ele ganha”, disse.
No caso do arroz, como o Rio Grande do Sul é o principal produtor do país, Lula acredita que as enchentes que devastaram o estado terão impacto na oferta do alimento para os consumidores, com impacto nos preços.
Rio Grande do Sul teve prejuízo de mais de R$ 100 bilhões com eventos extremos
Ontem (6), a Câmara dos Deputados aprovou, em votação simbólica, um PDL (Projeto de Decreto Legislativo) do governo federal, reconhecendo estado de calamidade pública no Rio Grande do Sul até 31 de dezembro de 2024. O texto agora segue para o Senado.
Ainda hoje (7), o Ministério da Fazenda também prepara um pacote de medidas para ajudar as famílias vítimas da maior tragédia climática da história do estado a reconstruírem suas casas.
Em 2023, o Rio Grande do Sul enfrenou uma série de eventos extremos relacionados às mudanças climáticas, que deixaram, além de mortes, feridos e rastros de destruição, cerca de R$ 105,4 bilhões em prejuízos financeiros.
Desse total, R$ 72,6 bilhões dizem respeito ao setor privado; R$ 23,8 bilhões, ao público; e R$ 8,8 milhões foram prejuízos materiais.
A agricultura contabilizou a maior parcela das perdas, cerca de R$ 53 bilhões em perdas — mais da metade do total. Os prejuízos estão distribuídos da seguinte forma:
Agricultura: R$ 53,6 bilhões em prejuízos (50,8%)
Pecuária: R$ 15,3 bilhões (14,5%)
Sistema de transportes: R$ 10,9 bilhões (10,3%)
Abastecimento de água potável: R$ 10,8 bilhões (10,2%)
Obras de Infraestrutura: R$ 3,9 bilhões (3,7%)
Habitação: R$ 3,5 bilhões (3,3%)
Comércios locais: R$ 1,7 bilhão (1,7%)
Indústria: R$ 1,6 bilhão (1,6%)
Segundo o levantamento, R$ 53,7 bilhões foram perdidos como resultado de secas e estiagens, enquanto as perdas por chuvas representaram R$ 51,4 bilhões. Outros tipos de desastres somaram R$ 257 milhões no ano passado.
Da Redação ICL Economia
Com informações da CNN