Enchentes atingiram cerca de 95% dos estabelecimentos industriais do Rio Grande do Sul

Indústria, varejo e serviços dizem que problemas logísticos para receber insumos e escoar produção impedem normalização das atividades.
15 de maio de 2024

Os setores econômicos do Rio Grande do Sul já começam a sentir os impactos da pior tragédia climática no Rio Grande do Sul. As enchentes históricas que assolam o estado já afetaram o funcionamento de mais de 95% dos estabelecimentos industriais gaúchos, segundo estimativa da Fiergs (Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul).

O último boletim atualizado pela Defesa Civil do RS, divulgado às 9h desta quarta-feira (15), mostra que, até o momento, há 149 óbitos, 446 municípios foram afetados, 76.580 estão em abrigos, 538.245 permanecem desalojadas, 806 ficaram feridas e há 108 desaparecidos

De acordo com a Fiergs, grandes empresas do Rio Grande do Sul paralisaram suas operações ou estão operando parcialmente. Algumas optaram colocar seus funcionários em home office, enquanto outras deram férias coletivas. Entre elas estão Gerdau, Tramontina, Renner e montadoras, como a GM.

Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que a economia do Rio Grande do Sul representa cerca de 6,5% do PIB (Produto Interno Bruto) nacional.

Já a indústria gaúcha representa 6,6% do total, e os serviços 5,9%. Enquanto isso, a agricultura do estado produz 12,7% do segmento doméstico.

Os dados foram coletados pelo Santander, que estima que o PIB brasileiro pode perder até 0,3 ponto percentual no seu crescimento este ano em decorrência do impacto das chuvas na indústria do RS.

Além das cheias dos rios, estradas e vias foram muito prejudicadas, o que dificulta a chegada de insumos para a produção e, também, o escoamento de mercadorias.

Com dificuldades de operação, montadoras do Rio Grande do Sul dão férias coletivas

A fábrica da General Motors de Gravataí, que produz os veículos Onix Hatch e Onix Plus, está parada e permanecerá com as operações suspensas até o dia 17 de maio.

A Volkswagen foi a primeira montadora que fica fora do Rio Grande do Sul a anunciar paralisação de suas atividades. Três unidades tiveram suas atividades interrompidas e os funcionários receberam férias coletivas.

O motivo é que alguns fornecedores de peças da marca, com fábricas instaladas no estado, estão impossibilitados de produzir neste momento.

As férias coletivas devem abranger as unidades de São Bernardo do Campo (SP), Taubaté (SP) e São Carlos (SP).

Outra montadora com fábrica no Brasil, a Stellantis (Citroën, Fiat, Jeep e Peugeot) informou que precisou paralisar pontualmente a produção em Córdoba, na Argentina, mas que “segue analisando a necessidade de novas paradas em suas unidades” na região do Rio Grande do Sul.

A montadora disse que a medida foi motivada pelo “impacto sem precedentes da catástrofe em todo o sistema logístico de transporte e fornecimento de componentes”.

A Toyota informou que parte dos veículos dos modelos Toyota Hilux e Toyota SW4, importados da Argentina e armazenados no Centro de Distribuição da Toyota localizado em Guaíba (RS), foram danificados pela enchente.

Camil diz que mantém abastecimento de arroz e feijão

Estado responsável por 70% da produção de arroz no país, por ora, ainda não há risco de crise de abastecimento do cereal. Recentemente, o governo publicou uma MP (medida provisória) para garantir a importação de 1 tonelada do produto para garantir estoques e evitar a especulação nos preços.

A Camil, marca forte do arroz no Brasil, informou que, “apesar das limitações logísticas que se apresentam, estamos mantendo o abastecimento do arroz e do feijão no varejo do estado e das demais regiões do país”.

Desde o dia 29 de abril, quando as chuvas se intensificaram no estado, o preço do arroz no atacado já subiu cerca de 4%, segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea-Esalq/USP).

Redação ICL Economia
Com informações do g1 e CNN

 

 

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