A engenheira civil Magda Chambriard foi indicada oficialmente nesta quarta-feira (15) para a presidência da Petrobras, após a demissão de Jean Paul Prates do cargo. Ex-servidora de carreira da estatal, ela pode ser a segunda mulher nomeada para o posto, depois de Graça Foster.
Assim como Prates, Chambriard defende a expansão da exploração petrolífera no Brasil como forma de alavancar a economia do país e é contrária à privatização de operações da empresa.
Ela também segue seu antecessor no apoio ao projeto de perfuração de poços na Foz do Amazonas, também chamada de Margem Equatorial, onde a licença ambiental já foi rejeitada pelo Ibama por falta de estudos técnicos.
“A gente não pode desistir da Margem Equatorial. Nesse ponto, meu foco é a Foz do Amazonas, pelo tipo de geologia, pelo afastamento da costa, pelas águas profundas e pelo talude mais espesso”, afirmou a indicada ao cargo de presidenta da Petrobras, ao portal Brasil Energia, em abril de 2024.
Magda Chambriard foi servidora de carreira teve atuação no setor privado
Engenheira química e civil, ela entrou como estagiária na Petrobras em 1980, onde foi servidora por 22 anos, antes de se tornar diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP) entre 2012 e 2016.
A engenheira é diretora da Assessoria Fiscal da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro e sócia da empresa Chambriard Engenharia e Energia desde 2018.
Ela também foi coordenadora de pesquisas em óleo e gás na FGV Energia, que é o Centro de Estudos de Energia da Fundação Getulio Vargas, além de ter atuado como consultora privada.
Petrobras mais ‘agressiva’ sem privatizações
Chambriard já expressou ceticismo em relação à privatização de operações da Petrobras. Ela defendeu políticas que estimulem a participação de empresas estrangeiras, mas com a condição de promover o desenvolvimento econômico e social do Brasil.
Além da Foz do Amazonas, a engenheira defende o potencial das bacias de Sergipe-Alagoas, Pelotas e Parecis como as melhores oportunidades para aumentar as reservas brasileiras.
“(..) Espero que a Petrobras se torne um pouco mais agressiva em termos exploratórios, num compasso esperado considerando o atual preço do petróleo no mercado internacional”, declarou ao portal Brasil Energia.
Posicionamento da FUP
Em nota, a Federação Única dos Petroleiros (FUP) ressaltou a necessidade de a Petrobras seguir cumprindo o programa de governo do presidente Lula (PT), “sendo um agente do desenvolvimento econômico e social do país, indutora de emprego e renda”.
“As ideias de Magda Chambriard, especialista da área, coadunam com as da FUP em relação ao fortalecimento da indústria naval nacional, conteúdo local, ampliação do parque de refino”, avaliou Deyvid Bacelar, coordenador-geral da FUP.
A Federação também espera manter o “relacionamento construtivo” construído durante a presidência de Jean Paul Prates, que teve “diálogo com os trabalhadores”, diz o comunicado.
Crise dos dividendos levou à queda de Prates
Jean Paul Prates deixou o comando da Petrobras após uma reunião entre o presidente Lula (PT), Rui Costa, ministro da Casa Civil, e Alexandre Silveira, ministro de Minas e Energia.
A decisão foi tomada na terça-feira (14) após uma crise que envolveu o pagamento de dividendos extraordinários a acionistas da companhia. A demissão ocorre um dia depois do anúncio de queda no lucro da empresa no primeiro trimestre de 2024.
Do Brasil de Fato