O Ibovespa fechou o pregão desta quinta-feira (19) em alta após ter se deslocado dos principais índices dos Estados Unidos, que caíram na sessão de hoje por conta dos temores relacionados à inflação, juros e recessão econômica. O principal índice da bolsa de valores de São Paulo subiu 0,71%, aos 106.247 pontos, após oscilar entre 105.760 e 107.420 pontos. O volume financeiro foi de R$ 24,7 bilhões.
Segundo economistas, a autorização para que moradores de Xangai, cidade chinesa que estabeleceu lockdown por conta da Covid-19, saíssem de suas casas para comprar mantimentos ajudou, por exemplo, a impulsionar ações de siderúrgicas e mineradoras no Brasil, caso da Vale (VALE3), com alta de mais de 3,09%, assim como Usiminas (USIM5) e Gerdau (GGBR4), com ganhos de 5,01% e 3,03%. A declaração do ministro da Economia, Paulo Guedes, sobre uma surpresa positiva do PIB em 2022 também ajudou a sustentar os ganhos do Ibovespa na sessão de hoje.
As ações da CSN Mineração (CMIN3) e da CSN (CSNA3) foram os destaques positivos, subindo, respectivamente, 9,07% e 7,20%, seguidas pelas ações da Inter (BIDI11), com ganhos de 5,64%. As ações da Locaweb também fecharam em forte alta mediante a divulgação de que a General Atlantic atingiu a participação acionária acima de 10% da companhia.
Já os destaques negativos do dia ficaram por conta das perdas das ações da Petz ([ativo=PETZ3) e Hapvida ([ativo=HAPV3]) que recuaram, respectivamente, 5,20% e 4,11%, seguidas das ações do Weg (WEGE3), com perdas de 3,41%.
Em Nova York, nos Estados Unidos, as bolsas fecharam novamente em queda com investidores temerosos pela alta da inflação. Com isso, o índice Dow Jones caiu 0,75%, aos 31.253 pontos. O S&P 500 recuou 0,59%, aos 3.900 pontos, enquanto o Nasdaq teve baixa de 0,26%, aos 11.388 pontos.
Dólar cai 1,32% em dia marcado por perdas globais da moeda
Após fechar em alta de 0,80% na quarta-feira, o dólar caiu mais de 1% na sessão desta quinta-feira (19), em sintonia com o enfraquecimento da moeda norte-americana no exterior tanto em relação a divisas emergentes quanto fortes, em especial o euro. Nos momentos de maior pressão vendedora lá fora, a moeda chegou até a trabalhar abaixo da linha de R$ 4,90 e desceu até o patamar de R$ 4,88.
Operadores relataram fluxo de estrangeiros para ativos domésticos, favorecidos em suposto movimento de rotação de carteiras pela alta de commodities agrícolas e metálicas, e desmonte de posições defensivas no mercado futuro.
Segundo analistas, o dólar sofreu nesta quinta com movimento global de realização de lucros, após a forte apreciação nas últimas semanas induzida pela expectativa de aceleração do processo de ajuste monetário conduzido pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano).
O tropeço do dólar teria sido provocado sobretudo pela recuperação pontual do euro, na esteira de sinais da ata do último encontro de política monetária do Banco Central Europeu (BCE) de eventual aumento de juros na zona do euro no início do segundo semestre. A ata do BCE, ressaltam analistas, vem após falas duras de dirigentes da instituição nos últimos dias e a divulgação da alta de 7,4% da inflação anual da zona do euro em abril.
Afora a questão técnica, há também preocupações com uma eventual retração da economia dos Estados Unidos diante do aperto das condições financeiras. O índice DXY – que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes – operou em queda firme ao longo de toda a sessão, tocando 102,657 na mínima, com perdas superiores a 1% frente ao euro e a libra esterlina. A moeda norte-americana tombou também em bloco frente a divisas emergentes e de países exportadores de commodities, com destaque para o peso chileno, o real e o rand sul-africano. O Banco Central da África do Sul elevou a taxa básica de juros em 50 pontos-base, a 4,75% ao ano.
Em queda desde a abertura dos negócios no mercado doméstico, o dólar rompeu o piso de R$ 4,90 por aqui à tarde e desceu até a mínima de R$ 4,8809 (-2,04), em meio ao aprofundamento das perdas da divisa americana lá fora e a máximas do Ibovespa, que superou os 107 mil pontos. Com a piora das bolsas em NY no fim da sessão e o índice DXY se afastando das mínimas, o dólar voltou a superar R$ 4,90 e fechou a R$ 4,9168, em queda de 1,32%. Com o tombo desta quinta, o dólar já acumula perda de 2,78% na semana e passou a apresentar baixa em maio (-0,52%).
Redação ICL Economia
Com informações do Estadão Conteúdo