Durante participação no Fórum Econômico Mundial, que está sendo realizado em Davos, a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, disse em entrevista à Bloomberg, que a instituição não está com pressa de elevar os juros porque o atual salto da inflação é alimentado pelo lado da oferta da economia e expectativas de inflação seguem bem ancoradas.
“Não acho que estamos na situação de forte alta da demanda no momento (…) nesta situação, temos de mover na direção certa, obviamente, mas não temos de nos apressar e não temos de entrar em pânico”, explicou a presidente de Banco Central Europeu.
Embora o chefe do banco central holandês, Klaas Knot, tenha mencionado na semana passada a possibilidade de um aumento de meio ponto percentual se necessário, Lagarde disse, repetidamente, que a normalização da política monetária será gradual e reiterou isso novamente na segunda-feira (23)
“Isso significa que é sensato avançar passo a passo, observando os efeitos na economia e as perspectivas de inflação à medida que as taxas sobem. Com base na perspectiva atual, provavelmente estaremos em posição de sair das taxas de juros negativas até o final do terceiro trimestre”, disse.
Com a inflação em quase quatro vezes a meta de 2% do Banco Central Europeu, o ímpeto do Conselho da autoridade monetária vem aumentando para elevar a taxa de depósito de seu nível atual de -0,5% em julho. O comentário de Lagarde sugere dois aumentos de 0,25 ponto percentual cada nas reuniões de julho e setembro.
A invasão da Ucrânia pela Rússia elevou os preços das commodities, aumentando a incerteza sobre as perspectivas e prejudicando a confiança entre empresas e famílias. Isso criou uma situação difícil para os formuladores de política monetária, pois quaisquer medidas para conter a inflação também ameaçam desacelerar ainda mais a atividade.
Aumentar a taxa em 0,5 ponto percentual até setembro ainda colocaria o Banco Central Europeu atrás de pares como o Federal Reserve e o Banco da Inglaterra, que aumentaram os custos do dinheiro este ano para conter a inflação crescente.
Isso também ajudou a enfraquecer o euro nos últimos meses, agravando o desafio para os dirigentes do BCE, porque isso torna as importações – uma das principais fontes da inflação atual – mais caras. Segundo ela, o BCE precisa manter suas opções em aberto devido à incerteza sobre o crescimento futuro dos preços.
O euro avançou em relação ao dólar após seus comentários.
O economista do ICL André Campedelli reiteradamente, no Boletim Economia Para Todos Investidor Mestre, traz sua análise sobre o aumento da taxa de juros para combater a inflação: “Com a economia estagnada, sem formação de emprego e com baixo desempenho na atividade econômica, agravado pela alta da inflação, o aumento da taxa de juros reduz ainda mais o ritmo da economia.”
Presidente do Banco Central Europeu pede regulamentação das criptomoedas para resguardar investidores inexperientes
Em outra entrevista, desta vez para um grupo de estudantes húngaros, Christine Lagarde falou sobre as criptomoedas, em um momento em que sofrem forte desvalorização no mercado. Ela explicou que é necessário se preocupar que esses investimentos sejam feitos por pessoas que têm os olhos bem abertos sobre o fato de que podem perder tudo.
Ela afirmou que, em sua “humilde opinião, isso não vale nada”. Segundo Lagarde, não há um ativo atrelado para atuar como uma âncora de segurança.
“É por isso que acredito que isso deve ser regulamentado. Peço aos reguladores globais que estabeleçam regras para proteger pessoas sem experiência que fazem grandes investimentos em criptoativos”, disse.
As críticas de Lagarde chegam em um momento em que o Bitcoin acumula baixa próxima de 37% no ano, enquanto o Ethereu recuou mais de 45% no mesmo intervalo.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias