O vice-presidente financeiro da Vale, Gustavo Pimenta, 46 anos, foi promovido a novo presidente da mineradora após uma disputa interna que envolveu também o vice-presidente de Soluções de Minério de Ferro, Marcelo Spinelli.
A Vale optou por uma solução caseira em meio a uma disputa que envolveu uma tentativa do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de tentar emplacar o nome do ex-ministro Guido Mantega à vaga, o que não foi bem aceito pelo mercado.
Ele substituirá Eduardo Bartolomeo na presidência da mineradora. Segundo a Vale, o processo de transição seguirá o cronograma definido em maio. Portanto, a formalização do contrato do novo presidente será feita até o dia 3 de dezembro, e a posse, no dia 1º de janeiro de 2025.
O mandato de Bartolomeo venceria em maio, mas foi estendido para que a companhia chegasse a um consenso sobre o novo nome. A princípio, ele fica na mineradora até dezembro, para auxiliar na transição. O executivo tentou se reeleger, mas não tinha apoio de conselheiros alinhados ao governo.
Em comunicado divulgado anteontem (26), a Vale afirmou “Nosso Conselho de Administração escolheu ontem [anteontem] Gustavo Pimenta como próximo presidente da Vale, após um rigoroso processo de seleção suportado por empresa de padrão internacional. Pimenta, que atualmente ocupa o cargo de Vice-Presidente de Finanças e Relações com Investidores na empresa, foi eleito por unanimidade. O futuro presidente traz uma vasta experiência global nos setores financeiro, de energia e mineração, com mais de 20 anos de carreira no Brasil, Estados Unidos e Europa. Pimenta está na Vale desde 2021. Antes disso, atuou como alto executivo na AES e no Citigroup em Nova York”.
Em seu perfil profissional na rede LinkedIn, Pimenta comentou que “será uma grande honra poder liderar a Vale nesse novo ciclo, orientado pelo nosso propósito de melhorar vidas e transformar o futuro. A mineração tem um papel fundamental e indispensável no desenvolvimento sustentável da nossa sociedade e a Vale se orgulha em poder contribuir nessa jornada”.
No perfil, ele se descreve como alguém dedicado integralmente ao “desenvolvimento de planos estratégicos empresariais que transformaram modelos de negócios e chegaram a receitas orgânicas de longo prazo, melhores margens e menores riscos corporativos”.
Pimenta é formado em economia pela Universidade Federal de Minas Gerais e tem mestrado em finanças e economia pela Fundação Getulio Vargas. Segundo a Vale, ele tem 20 anos de experiência global nos setores financeiros, de energia e de mineração.
Analistas avaliam que a escolha de um nome interno reduz chances de mudança significativas na estratégia da companhia.
Lula critica privatização de estatais e quantidade de acionistas da Vale
A Vale é hoje uma empresa sem controlador definido, sendo, no jargão do mercado, uma corporation, mas ainda com influência de seus antigos controladores: Previ, o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, Bradesco e a japonesa Mitsui.
A Previ tem dois representantes no conselho de administração; Bradesco e Mitsui, um cada. A Cosan, que adquiriu recentemente participação relevante na empresa, tem outro. Os restantes são indicados por acionistas minoritários, em geral fundos de investimento estrangeiros.
Ontem (27), o presidente Lula criticou as privatizações de empresas estatais brasileiras no passado, citando em particular a grande quantidade de acionistas da Vale.
Lula comparou a Vale a um “cachorro com muito dono”, o que faz com que ninguém seja responsável pela empresa.
“A Vale, que tinha uma diretoria, eu sabia quem era o presidente, a gente sabia quem era. Hoje, nessa discussão que a gente está, de fazer um acordo para receber dinheiro de Mariana, o dinheiro que prometeram para o povo, você não tem dono”, afirmou.
“[É] uma tal de corporate que não tem dono, monte de gente com 2%, monte de gente com 3%. É que nem cachorro com muito dono. Morre de fome, morre de sede porque todo mundo pensa que colocou água, todo mundo pensa que deu comida e ninguém colocou”, complementou.
O presidente também atacou novamente a venda de ativos da Petrobras, o que teria deixado a empresa “desmontada” e sem cumprir o seu papel, segundo ele.
As falas de Lula ocorreram durante uma visita dele ao Centro de Operações Espaciais Principal, da Telebras, em Brasília. O chamado COPE-P é um conjunto de edificações onde se opera e monitora o Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas, que cobre todo o território brasileiro. Ele esteve acompanhado de alguns ministros.
No evento, o presidente teve falas inteiramente dedicadas a criticar as privatizações e defender as estatais brasileiras.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias