Uma pesquisa encomendada por instituições privadas de ensino superior mostra que 35% dos brasileiros que planejavam ingressar em um curso superior em 2024 desistiram porque estão destinando o dinheiro para apostas on-line, as chamadas bets, e jogos de cassino virtual. A pesquisa, realizada pela Educa Insights e publicada pelo jornal O Globo, estima que esse universo seja de 1,4 milhão de pessoas.
O ICL (Instituto Conhecimento Liberta) saiu na frente a lançou uma campanha para denunciar esse que já se tornou um problema de saúde pública no Brasil. Outras pesquisas, realizadas até mesmo por grandes instituições financeiras, têm mostrado que brasileiros, especialmente jovens e das classes mais pobres, estão até mesmo deixando de comprar itens de necessidades básicas para apostar. Além disso, muitos têm se endividado no cartão de crédito.
“As apostas têm viciado e destruído vidas de crianças de até seis anos de idade e, infelizmente, vários influenciadores, que muitos têm como exemplos e ídolos, têm emprestado seu nome para divulgar essa doença que tomou conta do país e tem destruído muitas vidas, principalmente das pessoas mais pobres”, comentou o economista Eduardo Moreira, fundador do ICL.
Nesta quinta-feira (19), o ICL lança o documentário “Bets: Apostas Online – O Jogo Sujo que Ninguém Comenta”, com alertas sobre o perigo das apostas (clique aqui para garantir seu ingresso).
No recorte por renda, a pesquisa da Educa Insights mostra que:
- Nas famílias com renda de até R$ 2,4 mil por pessoa (público-alvo importante para o setor), o porcentual de quem adia a decisão de se graduar para jogar chegue a 39%;
- Já no grupo daqueles que ganham até R$ 1 mil per capita, vai para 41%.
O levantamento entrevistou 10,8 mil pessoas de todas as classes sociais e de todas as regiões do país que pretendem ingressar em alguma instituição particular de ensino superior.
Para representante do setor, “hiato regulatório” das apostas on-line resultou em invasão de empresas
Em entrevista ao O Globo, Magno José, presidente do Instituto Brasileiro do Jogo Responsável (IBJR), que representa as principais casas de apostas do país, o Brasil viveu uma invasão de sites de apostas devido ao “hiato regulatório”.
“Eles estão fazendo um verdadeiro estrago nesse mercado, mas essa operação selvagem vai acabar no dia 1º de janeiro de 2025”, disse.
Entre as medidas que entrarão em vigor, estão:
- Estabelecimento pelo usuário do máximo a ser gasto por dia;
- Cadastro de apostadores com reconhecimento facial; e
- Registro de empresas autorizadas a funcionar no país.
Na avaliação dele, a regulação vai fazer com que as empresas limitem jogadores que buscam nos jogos “um meio de vida em vez de entretenimento”.
No entanto, o formato de cassinos on-line, como o “jogo do tigrinho”, seguirá liberado.
Outra pesquisa, da consultoria PwC, mostra que o setor de apostas movimentou R$ 100 bilhões em 2023, algo próximo de 1% do PIB brasileiro. Nas famílias de classe baixa, esses gastos representam 76% das despesas com lazer e cultura e 5% das com alimentação.
Empresas que não pediram autorização terão atuação suspensa
As empresas de apostas de quota fixa que ainda não pediram autorização para funcionar terão sua atividade suspensa a partir de 1º de outubro, segundo o Ministério da Fazenda anunciou nesta terça-feira (17).
Portaria publicada no Diário Oficial da União (D.O.U.) hoje aponta que, de outubro a dezembro, só poderão continuar funcionando no país empresas que já estão atuando e que solicitaram a autorização para explorar essa modalidade até ontem (16). A partir de outubro, aquelas que não pediram serão consideradas ilegais.
Portanto, sites de apostas que operam no país sem autorização, ficarão sujeitos às penalidades previstas em lei, incluindo multa de até R$ 2 bilhões por infração.
Já aquelas que pediram autorização, mas ainda não estavam atuando por aqui, terão de aguardar até janeiro.
De acordo com o Ministério da Fazenda, as empresas aprovadas terão de pagar a outorga de R$ 30 milhões ainda este ano para começar a funcionar. A partir de janeiro, também precisarão cumprir com todas as regras de combate à fraude, à lavagem de dinheiro, à publicidade abusiva, entre outras.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias