Nobel de Economia é concedido para estudo sobre as razões das desigualdades entre as nações

Os três economistas laureados avaliaram, por exemplo, os impactos da colonização europeia.
14 de outubro de 2024

A Academia Real das Ciências da Suécia anunciou, nesta segunda-feira (14), que o Prêmio Nobel de Economia de 2024 foi concedido a Daron Acemoglu (57), Simon Johnson (61) e James A. Robinson (64) por seus estudos sobre a diferença na prosperidade das nações.

Acemoglu, que nasceu na Turquia, e Johnson, do Reino Unido, são pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT). Por sua vez, Robinson, também britânico, é da Universidade de Chicago.

Os estudos dos três ajudaram a entender por que há desigualdade entre as nações e por que algumas prosperam mais do que outras.

A academia sueca salientou que “o 20% dos países mais ricos do mundo é 30 vezes mais rico que o 20% mais pobre. A disparidade de renda entre os mais ricos e os mais pobres é persistente; embora os países em desenvolvimento tenham aumentado sua riqueza, ainda não conseguem alcançar os mais prósperos”.

Ao justificarem a premiação, a Academia ainda disse que os pesquisadores “adicionaram uma nova dimensão às explicações anteriores para as diferenças atuais na riqueza dos países ao redor do mundo”, mostrando que as diferenças regionais não podem ser analisadas sem antes entender quais instituições sociais foram implementadas em cada país.

“Instituições criadas para explorar as massas são ruins para o crescimento de longo prazo, enquanto aquelas que estabelecem liberdades econômicas fundamentais e um Estado de Direito são boas para tal.”

No ano passado, a Academia premiou a professora de Harvard Claudia Goldin, que dedicou a vida a pesquisar a participação das mulheres no mercado de trabalho.

Nobel de economia: estudiosos estudam o impacto da colonização europeia nos colonizados

A linha de pesquisa dos três foi avaliar os impactos da colonização europeia do século XVI em diante, e perceberam a criação de dois principais tipos de colônias.

Eles chegaram à conclusão que, em alguns países, os colonizadores chegaram com o objetivo principal de explorar os povos originários e os recursos naturais, gerando o que os pesquisadores classificam como “instituições extrativistas”.

Até a chegada da colonização exploratória, essas regiões costumavam ser as mais ricas por conta de sua forte e rápida oferta de recursos econômicos para os colonos.

Em outros, eles formaram sistemas políticos e econômicos que visavam beneficiar os migrantes europeus naquelas regiões no longo prazo. Esses países eram os mais pobres.

Assim, o comitê destacou que, quando os europeus colonizaram grandes partes do mundo, as instituições nessas sociedades sofreram alterações.

Enquanto em algumas regiões as instituições estabeleceram os fundamentos para sistemas políticos e econômicos inclusivos, em muitos outros lugares o objetivo era explorar a população indígena.

Portanto, a análise classifica as instituições em “inclusivas” e “extrativas”. Esse processo acabou gerando uma “reversão de riqueza”.

“A introdução de instituições inclusivas criaria benefícios de longo prazo para todos, mas as instituições extrativistas fornecem ganhos de curto prazo para as pessoas no poder”, explicou o comitê.

Densidade demográfica

Os estudos dos três chegaram à seguinte conclusão: quanto maior a população originária das regiões colonizadas, piores eram as instituições impostas pelos colonizadores.

Os países com as maiores populações indígenas geralmente eram também aqueles que ofereciam maior resistência para a colonização. Porém, uma vez derrotados, os povos originários eram obrigados a trabalhar para os colonizadores.

Essa dinâmica fazia com que poucos migrantes europeus se interessassem em migrar para o país com a intenção de trabalhar e construir uma comunidade benéfica para o local.

Um dos casos avaliados foi o trabalho dos laureados sobre a cidade de Nogales, que está dividida pela fronteira entre o México e os Estados Unidos, onde o lado americano é mais próspero.

O sistema econômico nos EUA oferece aos residentes do norte da fronteira mais oportunidades para escolher sua educação e profissão, além de permitir sua participação no sistema político, o que lhes confere amplos direitos políticos.

Em contraposição, no lado sul da fronteira, os residentes enfrentam condições econômicas diferentes, e o sistema político limita seu potencial de influência sobre a legislação.

Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias

 

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