A guerra na Ucrânia diminuiu estoques de combustíveis no mundo. Com as sanções, a Rússia deixou de vender petróleo para a Europa e o resultado é uma crise de oferta global. No Brasil, os importadores diminuíram o ritmo de compra do petróleo no exterior devido ao congelamento do preço do diesel vendido pela Petrobras, que torna a venda do derivado pouco ou nada atrativa comercialmente.
O conflito na Ucrânia tem um impacto direto sobre o mercado mundial de combustíveis. O escoamento do petróleo para países da Europa era feito pelos oleodutos pelos russos. Com as sanções, agora, a Rússia está vendendo mais para China, Índia e Paquistão.
Mas, para chegar a esses países, o petróleo tem que sair da Sibéria, dar a volta toda para chegar de barco. Custa muito mais caro a compra do petróleo por esse caminho. E, como a Rússia está sem dinheiro para investir em mais extração de petróleo, a produção do país também está diminuindo.
A Petrobras já tem buscado alternativas como fornecedores na África Ocidental ou na Índia, que demoram mais a chegar no país. Um carregamento da Índia, por exemplo, levaria de 45 a 60 dias para desembarcar no Brasil.
Sem compra do petróleo internacional, o diesel tem dias contados no Brasil
A compra do petróleo pelo Brasil tende a aumentar a partir de junho/julho próximo com o aumento da safra agrícola, a maior circulação de caminhões e a esperada retomada do consumo no período pós pandemia da Covid-19. De acordo com o atual política de preços da Petrobras, se o preço lá fora fica mais caro do que no país, os importadores deixam de trazer o produto.
Por outro lado, a diminuição do estoque nacional aumenta o risco de falta do diesel nos postos diante da necessidade de parada para manutenção das refinarias.
Informações apresentadas pelo setor, coletadas no último dia 20, indicam que o estoque de diesel no país era de 1,729 milhão de metros cúbicos (m³) no dia 18 deste mês. Tal volume seria capaz de atender o mercado interno por menos de 20 dias, considerando a média de venda das distribuidoras em 2021.
Uma solução aventada pelo mercado é uma declaração da Petrobras sobre a expectativa de entrega de diesel por polo de suprimento até o final do ano, diz o presidente da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom). Isso garantiria maior previsibilidade aos distribuidores e importadores que poderiam começar a programar novas compras de volumes, segundo informou o jornal Valor.
Também a Federação Única dos Petroleiros (FUP) alerta que o Brasil corre o risco de desabastecimento de óleo diesel no início do segundo semestre deste ano, em função da prevista escassez de oferta no mercado internacional e do baixo nível dos estoques mundiais. Segundo a FUP, a dependência pelo produto importado revela o equívoco da política do governo Bolsonaro, que não criou novas refinarias, reduziu investimentos no setor do refino e decidiu vender unidades da Petrobras.
Apesar de ser autossuficiente na produção de petróleo, o Brasil importa atualmente cerca de 25% de suas necessidades de diesel no mercado interno, de acordo com a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustível (ANP), devido à baixa utilização das refinarias brasileiras e a não conclusão de obras importantes no setor.
Este mês, a Petrobras reajustou em 8,87% o preço do diesel nas refinarias. O preço médio do combustível para as distribuidoras passou de R$ 4,51 para R$ 4,91 o litro. Em um ano, o diesel subiu 52,53%.
Segundo a FUP, a troca de pessoas no comando da Petrobras não influenciará nos preços dos combustíveis. “Esse é mais um ataque de Bolsonaro à maior empresa do País. Mais um movimento eleitoreiro e desesperado do presidente para tentar se distanciar do preço dos combustíveis”, afirma a Federação.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias