Enquanto população de SP fica no escuro, Enel registra lucro líquido de R$ 330 mi no 3º tri

Empresa tem sido acusada de reduzir o número de funcionários e de não cumprir o plano de contingenciamento estabelecido pela Aneel para pagar dividendos a acionistas.
29 de outubro de 2024

Os números deixam clara a estratégia da Enel para ampliar seus rendimentos. Enquanto a população de São Paulo atendida pela distribuidora de energia sofreu três apagões no último quase um ano, a empresa registrou lucro líquido de R$ 330,2 milhões no terceiro trimestre, alta de 58,6% em relação a igual período do ano anterior.

Mas como pode isso? Simples. A companhia tem sido muito criticada por cortas investimentos e demorar a restaurar o serviço, como o que aconteceu recentemente depois do temporal de 11 de outubro. Milhares de domicílios na capital paulista e região metropolitana de São Paulo permaneceram no escuro por mais de uma semana. Até sábado passado (26), 24 mil imóveis não tinham energia elétrica.

Desde novembro do ano passado, quando houve o primeiro grande apagão, a Enel tem sido acusada de reduzir o número de funcionários e de não cumprir o plano de contingenciamento estabelecido pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) para pagar dividendos a acionistas.

O que, a princípio, pode parecer impressão, é mostrado também em números. No terceiro trimestre, a empresa registrou uma piora em seu índice de qualidade de serviço no que diz respeito à Duração Equivalente de Interrupção Por Unidade Consumidora (DEC), que alcançou 6,73 horas, 7,4% acima das 6,27 horas anotadas um ano antes, mas ainda abaixo do limite regulatório de 7,12 horas.

A piora, segundo a empresa, reflete principalmente os eventos climáticos ocorridos em novembro e no início do ano, além das interrupções no fornecimento de energia ocorridos no início do ano na região central da cidade de São Paulo. Não foi contabilizada a ocorrência de 11 de outubro, quando 3 milhões de unidades consumidoras ficaram sem energia, em muitos casos por dias.

Já o indicador de Frequência Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora (FEC) teve ligeira melhora, passando de 3,34 vezes para 3,30 vezes no período comparado.

Ebtida da empresa alcança R$ 1,04 bilhão no período, alta de 13,3%

Agora, o lucro da empresa no terceiro trimestre deixa clara essa estratégia. O avanço foi impulsionado tanto pela melhora do resultado operacional medido pelo Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), quanto pelo maior resultado financeiro no período.

O Ebitda chegou a R$ 1,04 bilhão entre julho e setembro, com alta de 13,3% na comparação anual. A margem Ebitda avançou 0,1 ponto porcentual, para 19,3%.

Porém, em nove meses, o Ebtida totalizou R$ 3,24 bilhões, queda de 3,7% frente o mesmo período de 2023, com margem Ebitda de 21,7%, em baixa de 1,9 p.p.

No acumulado em nove meses, o lucro da Enel também registrou queda, chegando a R$ 819,7 milhões, recuo de 27,2% na comparação anual.

Em comunicado enviado ao mercado financeiro, a Enel explicou que o aumento do Ebtida no trimestre foi motivado pela maior margem auferida no período, devido principalmente ao aumento do ativo financeiro setorial líquido e da venda de energia no curto prazo. Ainda, atribuiu o resultado ao menor nível de custos e despesas operacionais (Opex), em razão especialmente do menor nível de Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosa (PCLD).

O ativo financeiro setorial líquido mais que dobrou e somava R$ 906 milhões ao fim de setembro, impulsionado pelo aumento dos custos de compra de energia e aumento da carga contratada, além da maior venda de energia no mercado de curto prazo a um preço de referência (PLD) superior ante o terceiro trimestre de 2023. Esse foi o principal fator a levar a uma expansão anual de 12,7% na receita da distribuidora de energia, que alcançou R$ 5,41 bilhões entre julho e setembro.

Outros números do balanço da Enel

  • Volume de vendas: a Enel SP registrou queda de 1,9% no mercado cativo (atendido diretamente pela distribuidora) entre julho e setembro, na comparação anual, para 7.003 gigawatts-hora (GWh).
  • No entanto, a concessionária registrou um aumento de 12,7%, para 3.672 GWh, no volume faturado dos clientes livres (que compram energia de outros fornecedores e pagam à distribuidora apenas pelo transporte da eletricidade).
  • Custos e Despesas Operacionais: somaram R$ 4,6 bilhões, alta de 12,6% frente igual etapa do ano passado, impulsionada pelo maior gasto com compra de energia para revenda.
  • Considerando apenas os custos gerenciáveis, excluindo custos de construção, houve uma queda de R$ 11,3 milhões, impulsionado por uma redução de 64,3% na PCLD, por conta do aumento da arrecadação, que chegou ao índice de 99,63%.
  • Resultado financeiro ficou negativo em R$ 304 milhões, 28,8% menor em comparação ao mesmo período do ano passado, por causa da menor despesa líquida e menor atualização de processos judiciais.

Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias

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