O Ibovespa iniciou junho praticamente sem variação (+0,01%), tendo chegado a mostrar ganhos um pouco melhores ao longo da tarde enquanto Nova York moderava perdas. Ao fim, a referência da bolsa de valores de São Paulo mostrava 111.359,94 pontos, quase no mesmo ponto em que encerrou maio, entre mínima de 110.821,51 e máxima de 111.930,89, saindo de abertura a 111.350,51 pontos na sessão. O volume financeiro ficou em R$25,6 bilhões nesta quarta-feira, e, no ano, o Ibovespa avança 6,24%, tendo retomado em maio a trajetória ascendente que havia prevalecido entre dezembro e março, revertida em abril.
Nesta quarta-feira, a forte leitura dos índices de atividade PMI, nos Estados Unidos como também no Brasil, suscitou reação ambivalente dos mercados.
Incertezas na Petrobras refletem no Ibovespa
Nesta quarta, tanto o Brent como o WTI voltaram a subir, assim como o minério de ferro em Dalian (+1,12%, a US$ 131,95 por tonelada), o que colocou Vale ON (+2,35%) e parte das siderúrgicas (CSN ON +1,56%) no campo positivo, em contraponto ao recuo nas ações de grandes bancos, com Santander (Unit -1,94%) e Bradesco PN (-1,80%) à frente – a exceção foi BB ON (+0,19%). Por sua vez, Petrobras (ON -0,09%, PN -0,13%) voltou a decepcionar após ter esboçado ganhos moderados, devolvidos em direção ao fim da sessão.
O temor de mudanças na atual política de preços da empresa, que leva em conta o câmbio e as cotações da commodity, levou o Morgan Stanley a retirar a Petrobras da lista de dez principais ações recomendadas para junho na América Latina.
Se o presidente Jair Bolsonaro – apesar das reiteradas críticas à política de preços da estatal, com sucessivas trocas de comando desde o início do mandato – parece não ter conseguido até o momento ser decisivo na orientação da Petrobras, Lula é explícito quanto ao que vai fazer, o que afeta também os preços (das ações) de outras estatais.
Na ponta do Ibovespa nesta quarta-feira, destaque para Hypera (+7,66%), WEG (+3,31%) e Usiminas (+2,74%). No lado oposto, Azul (-5,82%), Banco Inter (-4,69%) e Gol (-3,86%).
O dia foi negativo no mercado internacional, com os investidores ainda pesando o cenário inflacionário. Essa persistência do petróleo acima dos US$ 120 (por barril)está sendo avaliada pelos analistas em meio à retomada econômica na China – inclusive com medidas de sustentação da atividade -, em conjunto com a decisão da União Europeia de banir o petróleo russo. A incerteza quanto à Opep, sobre o nível de oferta da commodity, coloca combustível nas preocupações sobre a inflação, assim como estimativas mais fortes para a inflação em áreas como a zona do euro.
De acordo com relato da Argus, a Opep+ está prestes a concordar com outro aumento em sua meta de produção de petróleo quando os ministros se reunirem em 2 de junho. A coalizão deve carimbar aumento de 432.000 b/d em sua meta de julho, conforme acordo com roteiro esboçado no ano passado, disseram delegados. Segundo a Reuters, a reunião técnica da Opep+ nesta quarta-feira não discutiu a suspensão da Rússia de um acordo de fornecimento de petróleo, disseram quatro fontes, na véspera do encontro em que deve ser confirmado plano para elevar a produção.
No quadro mais amplo, embora o Brasil tenha chamado atenção com maio de boa rentabilidade, a grande protagonista continua a ser a inflação. Com a sequência de aumentos da inflação ao redor do mundo, os principais BCs têm indicado preocupação com o tema, com aumentos de juros.
A presidente da distrital do Federal Reserve em São Francisco, Mary Daly, defendeu nesta quarta que a autoridade monetária eleve juros mais rapidamente em direção ao nível neutro, o patamar em que as taxas nem estimulam, nem comprimem a atividade econômica. Em entrevista à CNBC, a dirigente estimou que esse nível está em 2,5%. Atualmente, a taxa de juros de referência do Fed está na faixa entre 0,75% e 1,00%.
Nesta quarta-feira , a moeda norte-americana encerrou o dia a R$ 4,8041, em alta de 1,08%, tendo sido negociada a R$ 4,7225 na mínima do dia, após ter chegado a ficar abaixo de R$ 4,70 na terça, durante aquela sessão.
Estadão Conteúdo