Em meio a denúncias de assédio sexual envolvendo Pedro Guimarães, presidente da Caixa Econômica Federal, feitas por funcionárias do banco, o executivo pode deixar o cargo muito em breve.
Fontes do Palácio do Planalto ouvidas pela imprensa dizem que a manutenção de Pedro Guimarães à frente da Caixa se tornou insustentável após as denúncias de assédio sexual. Aliados do presidente afirmam que ele próprio deve tomar uma atitude em relação a Guimarães.
No entanto, como Guimarães integra o conselho do banco, sua saída teria de ser via colegiado da Caixa ou por renúncia.
Segundo informações de O Globo, Jair Bolsonaro teria dito a Pedro Guimarães, ainda nesta terça (28), que as denúncias de assédio sexual são “inadmissíveis” e o executivo teria afirmado que irá “se defender na Justiça”.
As denúncias de assédio sexual surgem no momento em que o presidente Bolsonaro tenta melhorar a imagem junto ao público feminino, parte do eleitorado em que ele registra um dos piores índices de intenção de votos. O próprio presidente tem muitas falas públicas consideradas misóginas.
Por que o governo Bolsonaro tem pressa em abafar este caso de assédio sexual?
A pergunta acima foi feita pelo economista Eduardo Moreira, em comentário no ICL Notícias desta manhã (quarta, 29). Segundo ele, este pode ser o maior escândalo do governo Bolsonaro e, para entender, é preciso elencar “fatos notórios e públicos, colocando-os em ordem cronológica e lógica a questão do assédio sexual”.
“Primeiro porque Pedro Guimarães, das pessoas que estão em cargos importantes, é a mais próxima a Bolsonaro, como também a que está há mais tempo junto a ele, participando do processo que resultou em sua eleição a presidente da República. Guimarães articulou contatos com o mercado financeiro, inclusive internacional, ainda quando Bolsonaro era muito ‘pequeno’ nas pesquisas de intenções de voto e Lula ainda não havia sido preso”, afirma Moreira. No entanto, nesta época, o sogro de Guimarães, o empresário Leo Pinheiro, presidente da construtora OAS, estava preso, devido às investigações da Operação Lava Jato.
Seguindo a sequência cronológica, Moreira explica que, na prisão, Leo Pinheiro mudou sua delação, acusando Lula. O ex-presidente Lula então é preso e o àquela época candidato Bolsonaro é assumido pelo mercado financeiro. Importante lembrar que Pinheiro, mais recentemente, informou que mentiu quando alterou sua delação.
Outro fatos lembrados por Moreira estão ligados ao poder de Guimarães junto a grandes recursos financeiros do governo federal: “foi ele quem comandou o maior orçamento do governo durante a pandemia. O orçamento da Caixa foi superior ao do Ministério da Saúde, englobando o Auxílio Emergencial e a ajuda aos bancos para os fundos no auxílio às empresas para manter os funcionários”.
O economista ressalta: “não tenho informação se algo foi feito de errado ou não, mas será que o governo quer chamar a atenção para o núcleo que coordenou esse orçamento que foi de centenas de bilhões de reais?”.
A Caixa Econômica Federal também é uma das maiores “joias do tesouro no país. Ela controla o dinheiro do FGTS e seguro desemprego, tem sede em quase todos os recantos do país e é dona da loteria. É o banco verdadeiramente de todos os brasileiros e brasileiras”, enfatiza Moreira, que prossegue: “está em andamento um processo de privatização da Caixa, inclusive, mascarado com a abertura de um banco digital que incorpora todos seus ativos. A ideia é privatizar o banco digital, como se não estivesse privatizando a Caixa. E, no meio desse processo de entregar o maior ativo do país, surge este escândalo do Pedro Guimarães”.
“Assim, dá para entender o porquê de o governo querer abafar o caso das denúncias de assédio sexual contra Pedro Guimarães”, conclui Eduardo Moreira.
A economista Deborah Magagna, durante o ICL Notícias de hoje, avaliou que as denúncias envolvendo o presidente da Caixa podem gerar um impacto econômico, principalmente em relação ao setor imobiliário. “Elas geram uma desconfiança maior do investidor em relação ao Brasil. A nossa bolsa já está sofrendo os impactos da desconfiança de investidores estrangeiros em relação ao país e esse caso pode agravar a situação”.
Entenda as denúncias de assédio sexual do presidente da Caixa
As acusações de assédio sexual praticadas por Pedro Guimarães foram reveladas pelo portal Metrópoles, nesta terça (28). Ao menos cinco funcionárias da Caixa dizem ter sido vítimas de assédio sexual. Em um dos relatos, uma delas diz que uma pessoa ligada ao presidente do banco perguntou o que fariam “se o presidente” quisesse “transar com você?”.
Segundo a denunciante, ele estava na piscina e “parecia um boto se exibindo”. Além disso, funcionárias recebiam chamados para ir no quarto de Guimarães, entre outros relatos.
Uma apuração foi aberta na Procuradoria da República no Distrito Federal. O caso sobre assédio sexual tramita sob sigilo.
Redação ICL Economia
Com informações do ICL Notícias e das agências de notícias