O presidente Jair Bolsonaro (PL) escolheu, nesta quarta-feira (29), a secretária especial de Produtividade e Competitividade do Ministério da Economia (Sepec), Daniella Marques Consentino, para presidir a Caixa Econômica Federal. Braço direito do ministro Paulo Guedes, Daniella Marques substituirá Pedro Guimarães no comando da Caixa Econômica . O gesto eleitoral de Bolsonaro tenta conter o desprestígio do presidente junto ao eleitorado feminino. A rejeição tende a crescer após as denúncias contra o então presidente da Caixa Econômica de assédio sexual virem à tona nesta terça (28).
Pedro Guimarães é acusado de assédio sexual por várias funcionárias da Caixa Econômica. As denúncias estão sendo investigadas pelo Ministério Público Federal (MPF), sob sigilo, desde o final do ano passado. À época, um grupo de funcionárias que trabalham ou trabalharam em equipes diretamente ligadas ao gabinete da presidência da Caixa Econômica decidiu se unir e romper com o silêncio para denunciar Guimarães.
Daniella Marques na presidência da Caixa Econômica
A nomeação de Daniella Marques no comando da Caixa Econômica também parte da escolha dessa ala que teme a altíssima rejeição do chefe do Executivo junto ao eleitorado feminino. Aúltima pesquisa Datafolha, o percentual de mulheres que rejeitam a candidatura de Bolsonaro chegou a 61%. A secretária já vinha liderando a agenda Brasil Pra Elas, focada nesse público, e sua nomeação seria para impulsionar a imagem de Bolsonaro diante do eleitorado feminino, de acordo com o jornal Folha de S. Paulo.
O site Congresso em Foco também confirmou com fontes do Palácio do Planalto e da Caixa Econômica o nome de Daniella Marques para a presidência. Ela é formada em Administração pela PUC do Rio de Janeiro e, antes de entrar no governo, atuou por 20 anos no mercado financeiro. A secretária especial foi sócia-fundadora e diretora de fundos de investimento. Segundo o veículo, Daniella Marques tem boa inserção no Palácio do Planalto e é uma voz na gestão Guedes.
Alvo de investigações, Pedro Guimarães chegou a comparecer em evento da Caixa Econômica, na manhã desta quarta, em Brasília. Acompanhado da esposa, ele não mencionou nenhuma palavra sobre as acusações investigadas pelo MPF. Em discurso para a plateia de funcionários, o executivo disse que tem um relacionamento profissional “pautado na ética”.
Suspeitas de proteção
Representante eleita dos empregados no Conselho de Administração da Caixa Econômica, Maria Rita Serrano divulgou que solicitou aos órgãos internos de governança a apuração urgente e transparente dos fatos que destacou como “graves”. As deputadas federais do Psol Fernanda Melchionna (RS), Sâmia Bomfim (SP) e Vivi Reis (PA) também recorreram ao MPF para pedir o afastamento imediato de Pedro Guimarães. As parlamentares dizem temer pela segurança das servidoras que denunciaram o caso de assédio na Caixa Econômica.
“A prioridade no momento deve ser a proteção das vítimas. Os relatos são vários e estarrecedores. O caso vem à tona bem no momento em que discutimos a violência contra as mulheres e que o governo federal vem fazendo uma verdadeira cruzada machista e misógina. Tudo nos leva a acreditar que o governo não economizará esforços em protegê-lo das investigações, por isso o afastamento é tão importante”, declarou Fernanda Melchionna.
O líder da oposição no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP) também protocolou hoje um pedido de convocação de Pedro Guimarães para que ele preste informações sobre as denúncias de assédio.