A Alemanha registrou seu primeiro déficit na balança comercial em três décadas, em meio a um quadro econômico sombrio, com alta dos custos de importação e queda na demanda, além do impacto gerado pela inflação.
Dados do Departamento Federal de Estatísticas (Destatis), divulgados nesta segunda-feira (04), sugerem que o país pode estar dando início a uma espiral econômica negativa.
A queda registrada no mês de maio para a maior economia da Europa foi de 1 bilhão de euros (5,55 bilhões de reais), algo inédito no país desde 1991. As exportações inesperadamente caíram 0,5%, ficando em 125,8 bilhões de euros, enquanto as importações cresceram 2,7% atingindo 126,7 bilhões, uma diferença bem maior do que previam os economistas.
A maior parte das exportações alemãs se dirigiu aos Estados Unidos, com aumento de 5,7% na comparação com abril, totalizando 13,4 bilhões de euros. Para a China, o aumento foi de 0,5%, ficando em 8,7 bilhões de euros.
A invasão russa da Ucrânia, as sanções impostas a Moscou, juntamente com os lockdowns na China em razão da pandemia de covid-19 abalaram fortemente as cadeias de abastecimento globais, o que gerou prejuízos substanciais para a economia alemã, tradicionalmente fundamentada em exportações.
Perspectivas “sombrias” para a Alemanha
Os custos da importação de insumos como energia, alimentos e peças industriais aumentaram mais de 30% em maio, em relação ao mesmo mês de 2021, enquanto para a exportação o acréscimo foi de apenas 15%.
Do total de 126,7 bilhões de euros importados em maio, a maior parte, 18 bilhões de euros, veio da China, 1,6% a menos do que em abril. Dos EUA, a Alemanha importou bens no valor do 7,4 bilhões de euros, um aumento de 9,7% em relação ao mês anterior.
Mesmo que os dados sejam menos assustadores se ajustados aos índices de inflação, a balança comercial deverá pesar negativamente no crescimento da economia alemã. Alguns analistas já preveem um quadro econômico “sombrio” para o país.