O Brasil tem 66,1 milhões de endividados, recorde da série histórica, iniciada em 2016, da Peic (Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor) da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo). O maior crescimento de endividados se deu no grupo de pessoas de até 25 anos e na fatia acima de 60 anos, segundo pesquisa realizada pela Serasa Experian.
Os dados da pesquisa da CNC sobre os milhões de endividados foram divulgados ontem (7). Antes do recorde atual, o pico do endividamento havia sido atingido em abril de 2020, com 65,9 milhões de devedores. As dívidas atuais somam, em média, R$ 4.107,3 por indivíduo.
Em abril de 2021, havia 10,7 milhões de pessoas acima de 60 anos inadimplentes, segundo a Serasa. Neste ano, são 11,4 milhões, alta de 7%. Os dados mostram que houve aumento da inadimplência em todas as faixas etárias. No entanto, o maior crescimento dos milhões de endividados ocorreu no grupo dos mais jovens, de até 25 anos, com alta de 9%, e o segundo maior salto foi entre os mais velhos.
Em junho, a proporção de famílias com dívidas a vencer ficou em 77,3%, o que representa uma queda de 0,1 ponto percentual em relação a maio. Em contrapartida, na comparação com junho de 2021, houve crescimento de 7,6 pontos percentuais.
De acordo com a CNC, é a segunda queda seguida no endividamento após a alta recorde registrada em abril, quando o indicador ficou em 77,7%. As dívidas no cartão de crédito representam a maior fatia dos milhões de endividados, com 86,6% do total de famílias relatando este tipo de dívida.
Para quitar as dívidas, as famílias têm usado recursos da antecipação do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) e do 13º salário.
A alta de juros, que começou a ser intensificada pelo Banco Central neste ano, também tem contribuído para o endividamento maior. Atualmente, a taxa básica de juros (Selic) está em 13,25% ao ano. Juros mais altos, juntamente com a inflação crescente, contribuem para deixar as dívidas mais caras.
Entre os milhões de endividados, cartão de crédito é o vilão
As dívidas no cartão de crédito representam a maior fatia do endividamento, com 86,6% do total. Em seguida estão os carnês, com 18,3%, e o financiamento de carro, com 10,8%. Em junho de 2021, essas proporções eram de 81,8%, 17,5% e 11,9%, respectivamente.
O atual cenário econômico mostra melhora no mercado de trabalho, no entanto, com trabalhadores de menor nível de escolaridade e o rendimento médio mais achatado pela inflação elevada, a maioria é obrigada a usar o cartão de crédito para poder adquirir itens básicos de sobrevivência.
Além disso, há o avanço recente da informalidade no mercado de trabalho, fator que aumenta a volatilidade da renda.
Apesar de todos esses fatores negativos que revela milhões de endividados, a pesquisa CNC mostra que a inadimplência apresentou queda, com retração de 0,2 ponto percentual na proporção de famílias com contas em atraso, para 28,5%. Esta é a primeira queda desde setembro de 2021. A redução também foi verificada entre as famílias que afirmam não ter condições de pagar as contas atrasadas, com 10,6% do total.
Os dois recortes por faixas de renda apresentaram leve queda na proporção de endividados. Entre as famílias com rendimentos acima de dez salários mínimos, a redução foi de 0,2 ponto percentual (p.p), para 74,2%, enquanto a parcela com ganhos até dez salários mínimos caiu 0,1 p.p, para 78,2%.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias