O Twitter apresentou ontem (12) um processo contra o bilionário Elon Musk por quebra do contrato de US$ 44 bilhões, no qual ele se comprometia com a aquisição da companhia, que tachou a estratégia de saída do magnata de “modelo de hipocrisia”, segundo documentos judiciais. Há uma cláusula no contrato que obriga ao pagamento de US$ 1 bilhão pela não concretização do negócio.
O processo, apresentado no estado americano de Delaware, pede que a Justiça ordene o bilionário Elon Musk a concluir o acordo assinado para a aquisição do Twitter, argumentando que nenhuma indenização econômica pode reparar o dano já causado à empresa de tecnologia.
“Tendo montado um espetáculo público para colocar o Twitter em jogo e tendo proposto e depois assinado um acordo de fusão favorável ao vendedor, Elon Musk aparentemente acredita que ele – ao contrário de todas as outras partes sujeitas à lei contratual de Delaware – é livre para mudar de ideia, danificar a empresa, interromper suas operações, destruir o valor do acionista e ir embora”, diz o processo.
A ação dá início ao que promete ser uma das maiores batalhas legais da história de Wall Street, envolvendo um dos empresários mais emblemáticos e polêmicos do mundo dos negócios, dono de empresas como a Tesla e a SpaceX , além de Elon Musk ser o homem mais rico do mundo.
Analistas asseguram que o anúncio de Elon Musk de cancelar a compra põe a empresa em uma situação complexa em um momento difícil. As ações da rede social caíram para US$ 34,06 na terça-feira (12), ante os US$ 50 de quando o acordo foi aceito pelo conselho do Twitter, no fim de abril.
As polêmicas que levaram Elon Musk a desistir
Depois de semanas de ameaças, Elon Musk disse, na sexta-feira (8), que estava encerrando a aquisição por causa da falta de informações sobre contas de spam e por declarações imprecisas da rede social, as quais, segundo ele, representavam um “evento material adverso”.
Ele também afirmou que a demissão de dois funcionários seniores, o congelamento de contratações e a suspensão de contratos de parte da equipe, medidas que o Twitter tomou recentemente, representaram uma falha da plataforma em “conduzir seus negócios no curso normal”, como a rede social era obrigada a fazer.
Em suas primeiras declarações públicas desde seu anúncio de desistência da compra, Musk dirigiu-se ao Twitter no fim de semana para ironizar a companhia. “Disseram que eu não podia comprar o Twitter. Depois, não quiseram revelar a informação dos bots (contas de robôs). Agora, querem me obrigar a comprar o Twitter nos tribunais. Agora, têm que revelar informações sobre bots nos tribunais”, escreveu em um tuíte, acompanhado com imagens suas rindo.
A rescisão do acordo de compra que Musk assinou em abril estabelece as bases para uma batalha judicial posteriormente longa com o Twitter, que inicialmente rejeitava sua compra pelo empresário. Agora, o Twitter quer forçá-lo a fechar o negócio ou a pagar pelos danos da desistência da operação na Justiça.
Em relação às contas falsas (bots), a empresa de tecnologia diz que o número é inferior a 5%, um percentual questionado por Musk, que acredita ser muito maior.
Elon Musk e Bolsonaro no Brasil
Em maio, o bilionário esteve em um evento com empresários no interior de São Paulo, que também contou com a presença do presidente Jair Bolsonaro. O objetivo do encontro, segundo o governo brasileiro divulgou, era discutir o pedido de Musk junto à Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) para que sua rede de satélites (Starlink) se espalhe pelo Brasil, o que permitiria levar internet por essa plataforma à Amazônia, abrindo novas frentes de negócios na região.
Bolsonaro, que foi eleito com forte presença nas redes sociais em 2018, na ocasião elogiou Musk pelo anúncio da compra do Twitter, chamando-o de “mito da liberdade”. “Tanto é que, quando você ‘comprou’ o Twitter, muita gente aqui no Brasil agiu como se fosse um grito de independência”, acrescentou. “Nosso governo trabalhará para encarnar o seu espírito, da importância da liberdade de todos nós.”
Musk é, sem dúvida, uma pessoa excêntrica. Nos últimos meses, ele chamou os democratas [EUA] de partido da “divisão e ódio”; brincou sobre colocar cocaína de volta na Coca-Cola; comparou o CEO do Twitter, Parag Agrawal, ao revolucionário comunista russo Josef Stalin; desafiou o presidente russo, Vladimir Putin, para uma luta cara a cara pela Ucrânia; e advertiu que “o vírus da mente desperta destruirá a civilização”.
Redação ICL Economia
Com informações das agências