O preço do barril de petróleo não está caindo em decorrência da política econômica nacional. Embora o governo tente atrair para si a responsabilidade pela redução dos preços dos combustíveis, o fato é que o cenário conturbado mundial e as incertezas em relação à economia chinesa, além da grande perspectiva de uma desaceleração global no segundo semestre, foram os responsáveis pela queda do preço do barril de petróleo, principal elemento na equação que forma o valor do litro dos combustíveis na bomba. As grandes mudanças globais ocorridas levaram o barril de petróleo de US$ 120, no final de junho, a US$ 103 no começo de julho, com flutuações em torno desse valor.
As perspectivas de demanda do barril de petróleo foram reajustadas para cima no segundo trimestre de 2022, tendo atingido 45,5 milhões de barris de petróleo por dia nos países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) e 98,33 milhões no global.
Para o próximo trimestre, a previsão é de queda para 47 milhões de barris/dia na OCDE, ante a estimativa de 47,2 milhões, e de 100,65 milhões em âmbito global, contra 100,85 milhões previstos anteriormente. As perspectivas do consumo de petróleo foram divulgadas no relatório da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo).
“Os acontecimentos internacionais são os verdadeiros responsáveis pela baixa dos combustíveis e não as mudanças realizadas pelo governo Bolsonaro para baixar apenas no curto prazo o preço, tanto do diesel quanto da gasolina”, afirmam os economistas André Campedelli e Deborah Magagna, do ICL.
Para os economistas, a OPEP, portanto, não deve realizar grandes mudanças que contribuam com uma queda ainda maior do preço da commodity.
“O cenário internacional, junto a uma demanda estimada cada vez menor para os próximos meses, deve fazer com que o preço do petróleo tenha tendência de queda, mesmo sem iniciativas da OPEP para a mudança de cenário. Isso pode ser um sinal positivo para a situação inflacionária brasileira, que deve ter cortes no preço dos combustíveis, caso a perspectiva de queda do preço da commodity se confirme”, avaliam os dois.
Barril de petróleo: OPEP deve manter política gradual de aumento de produção
Apesar das revisões de estimativa, a política de aumento gradual da produção de petróleo dos países da OPEP deve continuar. Diante do crescimento da demanda no mês de junho, ocorreu também leve alta da produção da commodity por parte dos países-membros da OPEP, que chegou a 28,7 milhões de barris de petróleo por dia. Porém, diante da expectativa de uma demanda mais reduzida para o terceiro trimestre, não se deve esperar um aumento significativo da produção nos próximos meses, uma vez que pode haver, inclusive, baixa na produção.
A queda da expectativa de demanda ocorrida durante o segundo trimestre pode ser observada também na produção estimada para os países não membros da OPEP. Nesse grupo de países, houve retração da produção em 65,4 milhões de barris por dia para 64,9 milhões entre um trimestre e outro.
Porém, mesmo que uma desaceleração da economia prevista pela OPEP reduza a demanda por petróleo, a organização estimou uma produção maior dos países não membros, que deve chegar a 65,7 milhões de barris por dia.
Sendo assim, o ano de 2022 deve encerrar com uma produção de 65,73 milhões de barris de petróleo por dia, somente dos países que não fazem parte da organização de exportadores.
A OPEP foi criada em 1960 e reúne a Argélia, Angola, Congo, Guiné Equatorial, Gabão, Irã, Iraque, Kuwait, Líbia, Nigéria, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Venezuela. Já os dez aliados que formam a OPEP+ são: Azerbaijão, Bahrein, Brunei, Cazaquistão, Malásia, México, Omã, Rússia, Sudão e Sudão do Sul.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias e do Boletim “Economia Para Todos Investidor Mestre”, distribuído aos assinantes do Portal ICL