A visita da presidente da Câmara de Representantes dos EUA, Nancy Pelosi, a Taiwan, na terça-feira (2), elevou a tensão China-EUA, as duas maiores economias do mundo, e já tem causado enorme estrago político, econômico e militar naquela região.
A contragosto do presidente dos EUA, Joe Biden, a democrata foi a Taiwan, onde esteve com a presidente da ilha, Tsai Ing-wen, no equivalente à Camara dos Deputados daquele país e, também, com grandes empresários do setor de tecnologia.
O aumento da temperatura foi tamanho que, nesta quarta-feira (3), os mercados internacionais, principalmente nos EUA, ensaiavam uma recuperação tímida após dois dias consecutivos de queda, mas apreensivos sobre a perspectiva de que o incidente diplomático possa virar um conflito militar.
Nesta manhã, o conselheiro de Estado e ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, classificou a visita de Nancy Pelosi à região como “provocação política aberta que põe em risco a soberania do país asiático”, dizendo que alguns políticos dos EUA são “encrenqueiros” e que os EUA se tornaram “o sabotador número 1 da paz e estabilidade do Estreito de Taiwan”.
No programa ICL Notícias, no YouTube, desta manhã, a correspondente internacional Heloísa Villela disse que a visita da democrata Pelosi já rendia efeitos colaterais nada agradáveis. Segundo a jornalista, a China, que tem uma peleja histórica com Taiwan por considerar a ilha parte de seu território, já começou a fazer exercícios militares ao redor do território taiwanês em reprimenda pela recepção à política norte-americana. “A China está indo mais longe do que foi em 1995, quando o então presidente de Taiwan esteve em visita nos Estados Unidos”, disse a correspondente.
Ademais, o governo chinês também anunciou sanções econômicas contra ilha, com a paralisação das exportações de areia àquele território. Também disse que vai parar de importar alguns produtos, como frutas cítricas e peixes, trazendo bastante impacto econômico. “Cerca de 95% da areia usada em Taiwan vem da China”, disse Heloísa.
O pacote de reprimendas não para por aí. A China também disse que proibiria duas fundações taiwanesas de participarem do programa de colaboração econômica com empresas chinesas. “A expectativa é de que as medidas se tornem cada vez mais rígidas”, comentou a corresponde do ICL Notícias.
Tensão China-EUA pode desembocar em conflito militar, avaliam analistas
Durante sua visita a Taiwan, a democrata Nancy Pelosi deu declarações consideradas desastrosas, usando uma narrativa descolada da realidade. Ela disse, por exemplo, que “a América não vai abandonar Taiwan”, o que, segundo Heloísa Villela, é um caminho “perigosíssimo”. “Ela criou uma narrativa do ‘nós contra eles’, o que é perigosíssimo. Um relatório do Pentágono mostra que a China tem, hoje, a maior força naval do planeta. Apesar disso, hoje a China não tem as condições bélicas que gostaria de ter, então, ela poderia ir mais longe a partir de agora”, disse.
O discurso de Nancy em Taiwan coloca os EUA em uma tremenda saia-justa, uma vez que incita uma certa proteção do governo norte-americano à ilha. No entanto, como lembrou Heloísa Villela, há uma lei de 1979 no sentido de indicar que os EUA devem ajudar Taiwan, mas não coloca nenhuma obrigação de que o país deva dar proteção militar à ilha em situação de conflito com a China.
A lista de reprimendas da China contra Taiwan também inclui altos executivos das empresas Speedtech Energy Co. e Hyweb Technology Co., produtoras de energia solar; Skyla, produtora de equipamentos médicos; e SkyEyes, empresa de gerenciamento de frota de veículos de cadeia fria. Eles estão proibidos de entrar na China continental.
O governo chinês informou ainda que outras medidas poderão ser adotadas, se necessário, e especialistas inclusive temem que o governo chinês pode acelerar a anexação do território taiwanês.
Entre janeiro e junho de 2022, as importações chinesas de Taiwan atingiram US$ 122,5 bilhões, aumento de 7,3% em relação ao ano anterior, mostraram dados alfandegários chineses. Os principais produtos importados incluíram circuitos integrados e componentes eletrônicos.
Redação ICL Economia
Com informações das agências