A queda da demanda global pelo petróleo, junto com o aumento da produção, incerteza sobre as economias mais desenvolvidas mundiais e uma desaceleração da demanda chinesa por commodities agrícolas e minerais provocaram a queda intensa no preço do barril do petróleo no mercado internacional em agosto. A commodity era negociada a US$ 119 no final do mês passado e, atualmente, está em torno de US$ 92, representando queda de US$ 27 (22,7%) em apenas 20 dias.
A redução do preço do barril do petróleo contribuiu para o menor preço do combustível no mercado interno brasileiro, uma vez que, segundo a política de precificação da Petrobras, a companhia é obrigada a repassar as variações de custo para o preço do combustível no mercado interno. A queda do preço dos combustíveis, portanto, está mais ligada ao cenário do que à redução do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) ocorrida em julho, que tem efeito de curto prazo na queda dos combustíveis. A desoneração do ICMS e de alguns serviços compõe o pacote de medidas eleitoreiras do presidente Bolsonaro, candidato à reeleição, para tentar impulsionar seu nome nas pesquisas de intenções de votos.
Segundo relatório divulgado pela OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) em setembro, a demanda global estimada por petróleo em 2022, atualmente, está em 100,03 milhões de barris, levemente acima dos níveis anteriores à pandemia. Segundo relatório da OPEP, a demanda deste ano foi revisada para baixo do nível de 2019, de 100,1 milhões de barris de petróleo por dia.
Com uma menor demanda mundial pela commodity, o preço do barril do petróleo caiu, refletindo em menor preço nas bombas de combustíveis no Brasil
Os economistas do ICL, Deborah Magagna e André Campedelli, explicam que a queda do preço do barril do petróleo é resultado direto do cenário econômico global conturbado. Com uma menor demanda pela commodity, em decorrência da desaceleração da atividade global, principalmente da China, o preço do barril do petróleo apresentou uma queda considerável neste último mês. Esta queda refletiu internamente no preço dos combustíveis, uma vez que a Petrobras é obrigada a reajustar as variações negativas de custo, segundo sua política de precificação.
“A queda dos combustíveis observada recentemente, portanto, está mais relacionada com o recuo do preço internacional do petróleo, e não mais com a queda do ICMS realizada em julho deste ano”, afirmam os economistas.
Diferentemente do que ocorreu no primeiro semestre, a produção de petróleo passou apresentar elevação entre os países da OPEP. A produção que se encontrava em 28,6 milhões de barris de petróleo por dia teve acréscimo de 1 milhão de barris, uma vez que a produção de agosto destes países foi de 29,6 milhões de barris de petróleo por dia. O acréscimo tem relação com as sanções ao petróleo russo, que fez com que os países membros da instituição elevassem sua participação no mercado, devido à necessidade de maior produção e foi mais um fator que contribuiu com a redução do preço do bem nos mercados internacionais.
Ao mesmo tempo, o ritmo de produção do petróleo no segundo trimestre teve uma queda considerável entre os demais países produtores fora da OPEP. A produção, que se encontrava em 65,3 milhões de barris de petróleo no primeiro trimestre, passou a ser estimada em 64,5 milhões, uma queda de quase um milhão de barris por dia. Mesmo diante de uma queda da projeção da demanda anual, a OPEP estimou um aumento da demanda pela commodity no segundo semestre, o que fez com que a estimativa de produção dos países fora da OPEP aumentasse neste segundo semestre. No último trimestre de 2022 a expectativa é de que a produção fora da OPEP chegue a 67,1 milhões de barris de petróleo por dia. Caso a demanda não acompanhe a produção e, por enquanto, este é um cenário bastante provável, a tendência é de um preço do petróleo cada vez mais reduzido nos próximos meses.
Demanda por petróleo estimada pela OPEP (em milhões de barris de petróleo por dia)
Redação ICL Economia
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