Em reunião realizada nesta quinta-feira (24), os líderes ocidentais mostraram unidade contra a guerra, quando Washington buscou mais ajuda militar à Ucrânia. Londres impôs novas sanções contra a Rússia. Já a aliança militar ocidental Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) designou mais tropas para seu flanco leste.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, pediu aos países da Otan, da União Europeia e do G7 reunidos em Bruxelas para ajudar Kiev a combater a invasão da Rússia, que matou milhares e expulsou um quarto dos 44 milhões de ucranianos de suas casas.
“Estamos determinados a continuar impondo custos à Rússia para trazer o fim desta guerra brutal”, disse o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, aos líderes reunidos na sede da aliança militar ocidental.
“Discutiremos o apoio aliado à Ucrânia. Também abordaremos os esforços da Otan para fortalecer nossas defesas agora e nos próximos anos.”
A Otan irá enviar a Kiev equipamentos de detecção e descontaminação contra o eventual uso dessas armas, seguindo a ativação de regimentos especializados que os usam em todo o Leste Europeu.
O presidente dos EUA, Joe Biden, disse na sessão a portas fechadas que é a favor do envio de mais tropas para o flanco leste da Otan, informou uma autoridade graduada do governo dos EUA, acrescentando que Washington está trabalhando para apoiar a Ucrânia com mísseis antinavio.
A Otan, no entanto, rejeitou repetidos apelos de Kiev para defender os céus da Ucrânia de ataques aéreos russos, e Zelenskiy –que se juntou à cúpula da Otan por meio de uma videochamada– reclamou que o Ocidente não forneceu tanques ou sistemas antimísseis modernos.
A Otan também não enviará tropas ou aviões para a Ucrânia, reiterou Stoltenberg, que permanecerá como chefe da aliança até 30 de setembro de 2023, além do final de seu mandato atual no final de 2022, devido à guerra.
O motivo da cautela dos membros mais ocidentais da Otan é de que a crise escale para um conflito mundial.
A Ucrânia não pertence à aliança, mas um ataque a um país do clube ou o envolvimento direto dele nos combates poderia levar, como disse o presidente americano, Joe Biden, à Terceira Guerra.
Há o fato de que Rússia e EUA detêm 90% das armas nucleares do mundo —na Otan, França e Reino Unido também têm as suas.
“A Otan ainda não mostrou o que a aliança pode fazer para salvar as pessoas”, disse Zelenskiy na cúpula, acrescentando acreditar que o presidente russo, Vladimir Putin, também quer atacar membros do leste da Otan –Polônia e os países bálticos.
Putin diz que sua “operação militar especial” visa desarmar a Ucrânia, cujas aspirações de se juntar à Otan e à UE são repreendidas por Moscou.
A Otan aumentou presença em suas fronteiras orientais, com cerca de 40 mil soldados espalhados do Báltico ao Mar Negro. A cúpula concordou em implantar quatro novas unidades de combate na Bulgária, Romênia, Hungria e Eslováquia.
Uma autoridade da Otan estimou que até 15 mil soldados russos foram mortos na Ucrânia até agora e que um total de até 40 mil foram mortos, feridos, feitos prisioneiros ou estão desaparecidos.
Sanções
O Reino Unido sancionou nesta quinta-feira outra onda de bancos russos, incluindo Gazprombank e Alfa Bank. Polina Kovaleva, enteada de Sergei Lavrov, veterano ministro das Relações Exteriores de Putin, e Galina Danilchenko, empossada pela Rússia como prefeita da cidade ucraniana de Melitopol, também estão na relação de sanções.
“Putin já cruzou a linha vermelha para a barbárie”, disse o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, acrescentando: “Quanto mais duras nossas sanções, quanto mais pudermos fazer para ajudar a Ucrânia, mais rápido isso pode acabar”.
Em entrevista coletiva após encontro do G7, o presidente dos EUA, Joe Biden, afirmou que “disse desde o início que as sanções não iriam parar Putin. As sanções não impedem ninguém de fazer nada. O objetivo das sanções é aumentar os danos à máquina de guerra”, para que a Rússia não possa sustentar por muito tempo a invasão.
Gás russo
Tem havido pressões de países do leste europeu, mais próximos à fronteira com a Rússia, para que a Europa implemente sanções a exportações energéticas russas. Os EUA baniram importações de petróleo russo neste mês, mas fazer o mesmo na Europa traria implicações amplas, já que 40% do gás da União Europeia vem da Rússia. Por isso, as sanções até agora tiveram como foco sobretudo o setor financeiro e empresários.
O temor em relação à interrupção do fornecimento de gás natural para a Alemanha, por exemplo, tem se intensificado. O país tem alta dependência da matriz energética russa. Na saída da reunião do G7, o chanceler alemão, Olaf Scholz, disse a repórteres que “a moeda de pagamento (para comprar o gás russo) faz parte do contrato e é isso que vale. A maioria lê euros ou dólares”. Ontem, Putin disse que só aceitaria receber rublos na compra de produtos de energia russos, o que fez o DAX de Frankfurt ter o pior desempenho entre as bolsas europeias.
Com informações das agências de notícias