Em troca de votos a qualquer preço, para a reeleição no segundo turno, o presidente Jair Bolsonaro (PL) divulgou nesta terça-feira (4) nova série de medidas eleitoreiras, usando a máquina, dinheiro público e Auxílio Brasil. O candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) venceu o primeiro turno com uma diferença de pouco mais de 6 milhões de votos. Agora, o presidente quer tirar essa diferença. Só não foi anunciado de que modo o dinheiro será reposto no orçamento do País. Dentre as medidas eleitoreiras para ganhar votos, está a inclusão de cerca de 500 mil novas famílias Auxílio Brasil antes do segundo turno. Também aumento do vale-gás e o pagamento de 13º salário para mulheres chefes de família dentro do Auxílio Brasil. Há ainda empréstimo consignado para os beneficiários do Auxílio Brasil.
Em setembro, o Auxílio Brasil foi pago para 20,65 milhões de famílias cadastradas no programa. Em outubro, antes do segundo turno, o presidente vai dar um jeito de pagar os R$ 600,00 para 21,13 milhões de famílias. A maior parte, 17,2 milhões, é encabeçada por mulheres.
Ainda, dentre as medidas eleitoreiras, Bolsonaro prometeu pagar um 13º do Auxílio Brasil para famílias encabeçadas por mulheres. Neste mês, 5,9 milhões de famílias também receberão o Auxílio Gás turbinado de R$ 112, um acréscimo de 200 mil famílias em comparação com agosto, quando foi paga a primeira parcela de R$ 110 do vale-gás, que é um benefício bimestral.
Na segunda-feira (3), o governo já havia anunciado a antecipação do calendário de pagamentos do Auxílio Brasil do mês de outubro. Com a mudança, o auxílio começará a ser pago pela Caixa Econômica Federal no dia 11 e os depósitos terminarão no dia 25, de acordo com o número NIS dos cidadãos. O calendário original previa pagamentos entre os dias 18 e 31 de outubro.
Com a iniciativa, o governo, agora, divulga que 100% da população brasileira em situação de vulnerabilidade social na faixa da pobreza extrema, cadastrada no CadÚnico, atendendo as condições exigidas, receberá o Auxílio Brasil.
Medida eleitoreira, consignado para beneficiários do Auxílio Brasil deve aumentar endividamento das famílias
Também na terça (4), foi anunciado que a Caixa vai iniciar o pagamento do empréstimo consignado para os beneficiários do Auxílio Brasil a partir da segunda quinzena do mês de outubro, ou seja, antes do segundo turno das eleições.
A presidente da Caixa, Daniella Marques, anunciou que o banco vai operar com uma taxa de juros abaixo do teto de 3,5% ao mês, fixado pelo Ministério da Cidadania em portaria divulgada no fim de setembro. “A gente vai operar certamente abaixo desse teto, um pouco abaixo, ainda a definir pela área de risco do banco”, afirmou.
O valor do consignado do Auxílio Brasil está limitado a 40% do repasse permanente de R$ 400 do benefício, ou seja, o desconto máximo será de R$ 160 mensais. Conforme simulações da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), o valor a ser emprestado está limitado em R$ 2.569,34.
A pasta também estabeleceu que o empréstimo consignado aos beneficiários do Auxílio Brasil poderá ser feito em até dois anos, em 24 parcelas mensais e sucessivas, e o valor será liberado em dois dias úteis após a aprovação do crédito.
O crédito consignado é uma modalidade de empréstimo na qual os contratantes têm os seus débitos descontados diretamente na fonte -no caso, no pagamento das parcelas do Auxílio Brasil. Segundo o ministro da Cidadania, 60 instituições financeiras estão em fase de habilitação após demonstrarem interesse em conceder o empréstimo consignado do Auxílio Brasil.
Diversas instituições, como Itaú Unibanco, C6, BMG, Bradesco e Santander, além da financeira BV, já afirmaram que não oferecerão essa linha de crédito. Especialistas consideram arriscada a modalidade de empréstimo para beneficiários do Auxílio Brasil, população com renda já comprometida com gastos essenciais.
A presidente da Caixa diz ter conversado com outros bancos e, segundo ela, entende que o problema é saber como operar com o público de baixíssima renda. A Caixa conhece profundamente a baixa renda e está confortável em conceder crédito consignado consciente, explicou a representante do banco.
Marques ressalta que a Caixa não quer estimular o endividamento das famílias. Segundo ela, clientes que têm empréstimos com taxas de juros maiores poderão contratar o consignado e utilizar o valor para quitar essas dívidas. Há a promessa de entrar com uma conscientização muito grande para que pessoas troquem uma dívida mais cara por uma mais barata, para substituição de dívida e para apoio ao empreendedorismo.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias