Diante do aumento do preço internacional do barril do petróleo, a Petrobras começa a ser pressionada para não repassar qualquer tipo de reajuste até a realização do segundo turno das eleições. A intromissão eleitoreira do governo na estatal foi confirmada e publicada nos sites do G1 e do Estadão. Por quase 9 semanas, a Petrobras anunciou redução de preço da gasolina, diesel ou gás a conta-gotas para gerar notícias positivas para mais votos ao atual governo. Na realidade, a queda das cotações internacionais do petróleo contribuiu – e muito – para o menor preço.
Agora, aumentos de preços do barril do petróleo estão previstos no mercado internacional devido aos novos cortes de produção internacional de petróleo, anunciados nesta quarta-feira (5) pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep+). Serão 2 milhões de barris por dia (bpd) a menos a partir de novembro. Esse é o maior corte desde abril de 2020, quando a pandemia de Covid começou.
Como a Petrobras segue a política de paridade internacional de preços, o procedimento normal seria o repasse deste aumento ao preço do litro do combustível na bomba para o consumidor final. Com o barril do petróleo na casa dos US$ 100, executivos da estatal disseram ao G1 e ao Estadão que é inevitável o reajuste. Trata-se de uma decisão política, embora isso tenha um limite, pela pressão do mercado.
O corte no preço dos combustíveis tornou-se uma bandeira política nas mãos do presidente Jair Bolsonaro (PL), que não está disposto a abrir mão deste ativo às vésperas do segundo turno.
Cenário internacional está mudando e preço do barril do petróleo já aumentou
Desde que Caio Mário Paes de Andrade assumiu a presidência da Petrobras, em junho, a pedido do governo, a Petrobras anunciou uma série de reduções de preços de combustíveis em geral.
Medida eleitoreira do governo reduziu o ICMS sobre o combustível e zerou alíquotas federais. A razão principal, no entanto, que puxou os preços para baixo foi a queda no preço internacional do barril no petróleo, que oscilava até dias atrás em cerca de US$ 87 o barril. Nesta semana, porém, o preço já chegou a superar US$ 90 e, agora, especialistas no setor veem risco de que, nos próximos dias, o preço suba para a casa dos US$ 100, valor que, inevitavelmente, exigiria um reajuste da Petrobras no mercado nacional.
Na campanha de Bolsonaro, a pressão até os últimos dias era para que novos anúncios de cortes nos preços dos combustíveis e gás de cozinha ocorressem. O cenário internacional, entretanto, fez chegar ao grupo próximo do presidente alertas de que a empresa não poderia realizar novos cortes em momento de tanta volatilidade internacional e que havia inclusive risco de ter de anunciar reajustes.
Uso eleitoreiro da Petrobras por Bolsonaro vai ‘piorar’, alerta FUP
A Federação Única dos Petroleiros (FUP) alertou a campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), candidato da coligação Brasil da Esperança, sobre o uso “eleitoreiro” da Petrobras pelo atual presidente, Jair Bolsonaro (PL), durante a campanha eleitoral, informou a Rede Brasil Atual. De acordo com os petroleiros, o uso político da maior estatal brasileira deve “piorar” no segundo turno. Eles se reuniram ontem (4) com a coordenação de campanha de Lula, em São Paulo.
“Além de anunciar, praticamente a cada semana, reduções pontuais nos preços dos combustíveis, às vésperas das eleições, e pressionar a empresa a segurar preços até o próximo dia 30, sem mudar em nada a equivocada política de Preço de Paridade de Importação (PPI), a gestão bolsonarista da Petrobras vem promovendo uma dança das cadeiras no alto escalão da companhia, com critérios políticos”, afirmam os petroleiros, em nota.
Além disso, o coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar, também denunciou o atual governo por interferir politicamente no comando da estatal, durante o período eleitoral. “Chamamos a atenção para a ocupação de cargos estratégicos, de forma escusa, em diretorias com orçamentos relevantes, o que é altamente preocupante, diante da possibilidade de fraudes e corrupção para financiamento de campanhas eleitorais”, alertou.
Sem mudanças no PPI, ele destacou ainda as altas recordes nos preços dos combustíveis no governo Bolsonaro. Apesar das medidas do governo – como a aprovação do teto do ICMS, a gasolina acumula alta de 118,4% nas distribuidoras, entre 1 de janeiro de 2019 e 23 de setembro de 2022. Do mesmo modo, o diesel subiu 165,9% e o gás de cozinha, 97,4%.
Redação ICL Economia
Com informações do G1, do Estadão e da Rede Brasil Atual