Medidas impostas pelos Estados Unidos à indústria dos chips estão mais abrangentes e vão afetar ainda mais o comércio entre empresas norte-americanas e fabricantes de semicondutores chineses, usados em carros a celulares. A decisão do governo americano foi anunciada na última sexta-feira (7). Na avaliação de analistas, foi a medida mais dura tomada até o momento na “guerra dos chips”. Com a decisão dos Estados Unidos, ações caíram na segunda (10) e empresas chinesas perderam em torno de 8,6 US$ bilhões nas bolsas.
Em julho, China e Estados Unidos discutiram política econômica, barreiras comerciais e a estabilização das cadeias de suprimentos globais . Concordaram que é significativo que os EUA e a China fortaleçam a comunicação e a coordenação nessas áreas para o benefício de ambos os países e do resto do mundo. As conversas foram pragmáticas e construtivas, segundo o comunicado.
A decisão do Departamento de Comércio dos EUA foi descrita em mais de 135 páginas e abrange uma série de medidas à indústria dos chips. Uma delas é uma lista de empresas que podem ser incluídas na chamada “Entity List”, cujos integrantes não podem importar tecnologia ou design americanos. Já está nesta lista, por exemplo, a chinesa Huawei.
Outra medida restringe a fabricação de peças para chips de lógica e de memória. Há ainda a iniciativa de banimento de envio de chips para inteligência artificial e de computação de alto desempenho, além de engrenagens que podem ser usadas na fabricação de semicondutores.
A indústria dos chips movimenta US$ 550 bilhões por ano e envolve desde a fabricação de carros e celulares até as tecnologias de inteligência artificial, vigilância e espionagem, sendo de extrema importância para os mais diversos setores da economia.
O impacto das restrições à indústria dos chips pode ir muito além da produção em si, afetando indústrias tão diversas como computação de alta performance, carros elétricos e até produtos do cotidiano, como smartphones.
Novas medidas impostas à indústria dos chips têm como objetivo impedir que China se torne uma ameaça econômica e militar aos EUA
Para analistas, é um sinal claro sobre a política americana para a China: uma postura muito agressiva agora está consolidada. Alguns não acreditam mais em possibilidade de reconciliação. Restringem demais os esforços de Pequim de criar uma indústria de ponta de semicondutores para rivalizar com a tecnologia americana.
Mas autoridades americanas afirmam que as novas restrições são necessárias para impedir a China de se tornar uma ameaça econômica e militar.
A China destinou uma enorme quantidade de recursos para desenvolver a supercomputação e quer se tornar líder em inteligência artificial até 2030. E está usando essa capacidade para monitorar, rastrear e vigiar seus próprios cidadãos, além de modernizar a indústria militar, divulgou a secretária assistente a Administração para Exportações do Departamento de Comércio dos EUA, Thea D. Rozman Kendler, em reportagem publicada pela Bloomberg.
O jornal chinês Global Times, veículo que é publicado em inglês e é considerado por analistas um canal para o Partido Comunista Chinês expressar suas opiniões, alertou que “o ataque selvagem ao livre comércio” teria consequências terríveis para os EUA. “Só arrogantes e ignorantes podem acreditar genuinamente que os Estados Unidos poderão bloquear o desenvolvimento de semicondutores chineses e de outras indústrias tecnológicas por estes meios ilegítimos”, disse o jornal em editorial.
De acordo com a Bloomberg, as restrições têm objetivo de afetar o fluxo de tecnologia americana para sistemas militares e de vigilância chineses. Entre as empresas diretamente afetadas estão Nvidia e Advanced Micro Devices. Não está claro se as medidas também atingem as vendas de chips mais antigos ou se atingem equipamentos de gerações a anteriores que não são fabricados por empresas americanas.
Já as restrições a fabricação de peças para chips de lógica e de memória envolvem chips bem pequenos e muitos são fabricados na China. Empresas como Samsung e SK Hynix podem solicitar licenças para continuar a adquirir o maquinário necessário para que sua produção na China não seja interrompida.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias