A produção industrial caiu em 7 dos 15 locais investigados pela Pesquisa Industrial Mensal (PIM) Regional na passagem de julho para agosto, quando o índice nacional recuou 0,6%. A pesquisa, divulgada pelo IBGE na terça-feira (11), mostra quedas no Pará (-6,2%), Santa Catarina (-4,8%), Espírito Santo (-3,9%), Bahia (-2,8%), Minas Gerais (-1,9%), Paraná (-1,5%) e Ceará (-0,8%), todos com resultados inferiores à média nacional.
Em julho, a produção industrial registrou crescimento de 0,6% sobre junho, mas ainda acumulando perda de 2,0% no ano. Segundo a economista do ICL, Deborah Magagna, os dados sobre a produção industrial devem ser analisados com pormenores. “Quando olhamos as grandes categorias da produção industrial, vemos que dois grupos caíram bastante em julho. São grupos que vêm com quedas acumuladas também. São os grupos de bens de capital, que é justamente aquele que produz maquinário, ou seja, aquilo que vai aumentar a capacidade produtiva no país; e o de bens duráveis, que são bens mais caros”, explica.
O analista da PIM Regional do IBGE, Bernardo Almeida, afirma que alguns fatores econômicos justificam essa queda na produção industruial. Do lado da oferta, o encarecimento das matérias primas e desabastecimento de insumos, em alguns setores, influenciam diretamente a cadeia produtiva. Já do lado da demanda, há o aumento dos juros, encarecendo o crédito e diminuindo os investimentos na indústria nacional, a inflação elevada, que por mais que tenha desacelerado, ainda está em um patamar alto, o que reduz o poder de compra das famílias.
Para Almeida, apesar da redução no desemprego, a remuneração não é alta, o que também impacta nos resultados das indústrias. “O rendimento médio está em um patamar baixo. O desemprego vem caindo, mas as ocupações são de baixo nível de remuneração. Isso impacta no consumo das famílias e gera impactos sobre a cadeia produtiva”, afirma.
Dentre as baixas para o mês de agosto, Pará e Santa Catarina foram os locais pesquisados que mais influenciaram no resultado nacional, com quedas de 6,2% e 4,8%, respectivamente
“O estado do Pará foi a principal influência negativa no mês de agosto, com o setor extrativo (minério de ferro) sendo o principal responsável pelo resultado. Por ser mais concentrada nesse setor, uma pequena variação pode ter um impacto maior na indústria paraense, que teve o setor de alimentos em segundo lugar entre as influências negativas no estado. Vale lembrar que o Pará vem de dois meses com resultados positivos, com ganho acumulado de 15,2%”, explica Bernardo Almeida. “Santa Catarina teve a segunda maior influência negativa no resultado nacional em razão de queda na produção de borracha e material plástico e também do setor de máquinas, aparelhos e materiais elétricos. Santa Catarina vem de quatro meses de resultados positivos, com ganho acumulado de 8,9%”, completa.
Os principais resultados positivos se deram no Amazonas (7,0%), eliminando a perda de 4,0% acumulada nos meses de junho e julho, e Rio de Janeiro (3,3%), intensificando a expansão de 1,3% verificada no último mês. Já Pernambuco ficou estável (0,0%).
“O Amazonas teve o principal resultado em termos absolutos e a terceira influência positiva sobre o resultado nacional. Os setores de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos, outros equipamentos de transportes e bebidas tiveram mais peso no resultado do estado e são três setores com bastante influência dentro da indústria amazonense. Lembrando que o Amazonas vem com esse crescimento após dois meses de resultados negativos, quando teve uma perda acumulada de 4,0%”, diz o analista do IBGE.
O estado de São Paulo apresentou alta de 2,6% na comparação com julho, quando havia caído 0,4%. Em agosto, o setor de veículos automotores teve influência positiva na produção industrial paulista
“O Rio de Janeiro veio com a segunda influência positiva sobre o resultado nacional. Os setores de metalurgia, indústria farmacêutica e derivados de petróleo foram os que mais tiveram peso nesse crescimento da indústria fluminense”, acrescenta Bernardo.
O estado de São Paulo, maior parque industrial do país, apresentou alta de 2,6% na produção em comparação com julho, quando havia caído 0,4%. Esse resultado representou a maior influência positiva sobre o resultado industrial nacional.
“O setor de veículos automotores, que havia tido a maior influência no resultado negativo da indústria paulista em julho, continuou tendo o maior peso em agosto, mas agora positivamente. Este é um setor que vem apresentando cautela na sua produção e enfrentando adversidades de fatores econômicos, como o desabastecimento de insumos e o encarecimento de matérias primas. Com isso, uma equalização entre oferta e demanda pode ter gerado essa queda no mês anterior e uma recuperação para o mês de agosto”, analisa Almeida.
Na comparação com agosto de 2021, a indústria cresceu 2,8%, com dez dos quinze locais pesquisados apresentando taxa positiva. Nesse mês, Mato Grosso (29,9%) e Amazonas (13,4%) assinalaram expansões de dois dígitos, enquanto Espírito Santo (-12,2%) e Pará (-8,7%) assinalaram os recuos mais acentuados. Vale citar que agosto de 2022 (23 dias) teve um dia útil a mais que o mesmo mês em 2021.
Redação ICL Economia
Com informações da Agência IBGE