Ao longo dos governos petistas, o Brasil conseguiu sair do mapa da fome, graças às políticas sociais implementadas. Porém, o país voltou a esse lugar desonroso durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição. Hoje, são 33 milhões de pessoas passando fome no Brasil, situação que é pior nos lares de famílias com crianças de até 10 anos de idade. Para enfrentar esse problema, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem entre seus planos, caso seja eleito no próximo dia 30 de outubro, retomar os estoques de grãos, que já haviam sido usados em seu governo, para ajudar a controlar o preço dos alimentos, incentivando, ao mesmo tempo, a produção agrícola de pequenos produtores.
Em entrevista na sexta-feira passada (14), Lula traçou um dos caminhos a serem trilhados para combater a fome no país. “Aumentando a produção agrícola se pode fazer o estoque, fazendo o estoque pode controlar o preço colocando mais produto no mercado. Nós fizemos isso”, disse Lula.
O petista lembrou que, em seu governo, a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) era uma ferramenta importante, pois era por intermédio dela que se fazia um estoque regulador. “Quando o feijão estava subindo demais, a gente então colocava o feijão no mercado para baratear. A gente vai fazer isso”, frisou o presidente.
Esse sistema que Lula pretende retomar foi progressivamente abandonado a partir do governo de Michel Temer. Produtos como milho, arroz, feijão, trigo, café e farinha de mandioca, tradicionais na dieta brasileira, têm hoje estoques zerados ou praticamente zerados nos armazéns públicos.
Por isso, Lula quer incentivar a formação de pequenas cooperativas no campo para retomar o crescimento da produção de pequenos agricultores, com garantia de crédito e seguro safra, como uma das formas de aumentar a produção de alimentos no país ao mesmo tempo em que ajuda o pequeno produtor.
Inflação dos alimentos continua pesando no bolso do brasileiro mais pobre. No governo Lula, estoques de grãos pode ser solução importante
O economista Eduardo Moreira, do ICL, mostrou na edição de ontem (17) do ICL Notícias, programa diário no YouTube, que Jair Bolsonaro e o ministro Paulo Guedes (Economia) tentam distorcer os números para propagandear a ideia de que o Brasil tem a inflação mais baixa do mundo. Na verdade, conforme mostrou Moreira, além de ser uma das mais altas, quando se faz um recorte anual, os preços dos alimentos continuam altos e impactando muito na vida da população mais carente, que usa o dinheiro de benefícios sociais para comprar comida.
No recorte de 24 meses (setembro de 2020 a agosto de 2022), o economista mostrou que itens essenciais da cesta básica, como óleo diesel (107%) e óleo de soja (100,74%) dobraram de preço no período. Outros, como café moído (79,34%), leite (73,57%) e açúcar (54,77%) também tiveram reajustes exorbitantes na mesma base.
“Isso aqui não é a vida do brasileiro? Isso é o que aconteceu com os preços das coisas no Brasil nos últimos 24 meses. São dados oficiais usados para calcular o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo). Não só o que Bolsonaro e Guedes dizem em relação à inflação brasileira, de que é a menor do mundo, é uma mentira deslavada, mas (também) porque, apesar da deflação dos últimos três meses, (a inflação) ainda é uma das maiores do mundo”, criticou Moreira.
Por essa razão, a ideia de Lula, de reativar os estoques públicos de alimentos, poderia ajudar nesse cenário. Países como Estados Unidos, China e nações da União Europeia ainda têm altos volumes de estoques.
Como ferramenta de controle da inflação, os estoques seriam usados em momentos de baixa oferta de determinados produtos e, principalmente, neste momento de insegurança alimentar, possibilitando a montagem de cestas básicas para programas nacionais de distribuição de alimentos a famílias carentes. Vale ressaltar que o governo Bolsonaro cortou verbas de programas alimentares essenciais, como o Alimenta Brasil.
O abastecimento do estoque está vinculado à Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM) da Conab, que prevê a aquisição de alimentos somente quando o valor do produto fica abaixo ou com tendência a alcançar valor menor que o preço mínimo. Cada alimento tem o seu preço mínimo definido pela Conab com base em dados da safra, de oferta e procura, custos de produção, entre outros
Há o receio que, ao comprar parte da produção dos agricultores para formação do estoque, o governo poderia estimular uma redução da oferta, aumentado ainda mais os preços. Mas especialistas informam que há saídas para manter os estoques abastecidos sem pressionar a inflação.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias