Há um ano, o bitcoin batia sua máxima histórica de US$ 68 mil e fez brilhar os olhos dos investidores de bitcoin que apostaram nas criptomoedas como o futuro do dinheiro e dos investimentos. Desde então, uma série de fatores setoriais e macroeconômicos levou a pioneira e principal criptomoeda do mundo ao preço de US$ 18 mil, atingindo a mínima de US$ 15 mil na segunda semana de novembro. À medida que os preços dos tokens despencam, as empresas demitem funcionários em ondas e alguns dos nomes mais populares do setor vão à falência. O caos assustou os investidores e resultou em um prejuízo de mais de US$ 2 trilhões em valor em questão de meses, acabando com as economias de toda a vida de alguns comerciantes de varejo que apostavam alto em projetos de criptomoedas anunciados como investimentos seguros, mostra a reportagem publicada pela CNBC.
O economista e sócio-fundador do ICL, Eduardo Moreira, explica que, com o aumento da taxa de juro nos Estados Unidos e no Banco Central Europeu, os investidores que buscam dinheiro fácil começam a se retirar das criptomoedas. Com isso, vem o efeito manada do preço do bitcoin “Quando o primeiro começa a tirar o seu dinheiro, há um círculo vicioso que, cada vez mais, alimenta o estouro dessa bolha”, explica.
Em 12 meses, as duas maiores moedas digitais, bitcoin e ethereum, perderam três quartos de seu valor, desmoronando ao lado das ações de empresas de tecnologia mais arriscadas. O mercado cripto já foi avaliado em cerca de US$ 3 trilhões. Mas, em 2022 , os investidores de bitcoin perderam muito dinheiro. A explicação para esse cenário negativo é uma somatória de fatores que se transformaram em uma “tempestade perfeita”.
Segundo a CNBC, em vez de atuar como uma proteção contra a inflação, a proposta original, que está em seu nível mais alto em 40 anos, nos Estados Unidos, o bitcoin se comportou como outro ativo especulativo que salta quando os fundamentalistas estão por trás dos negócios e desaba quando o entusiasmo derrete e os investidores ficam assustados.
A avaliação de especialistas consultados pela reportagem da CNBC é de a empolgação e os preços dos ativos estavam claramente precipitados e sendo negociados pelos investidores de bitcoin muito acima de qualquer valor fundamental.
Com inflação dos EUA em alta, investidores de bitcoin abandonaram posições em ações e criptos e migraram para investimentos mais seguros
O processo de derretimento das criptos começou diante de um cenário de forte alta da inflação dos Estados Unidos e a reação do Federal Reserve (Fed, o banco central do país), elevando a taxa de juros, em uma política monetária restritiva e contracionista. A aversão a risco, desde então, vem crescendo, oscilando em breves momentos de otimismo de uma retração econômica menos intensa. A transferência de capital dos ativos de risco, pelos investidores de bitcoin, abandonando posições em ações e criptos, para investimentos mais seguros e menos voláteis, como os títulos do Tesouro norte-americano, tem sido uma constante no ano. E então, o inverno cripto chegou.
Em meio a esse cenário, começaram os problemas específicos do ecossistema cripto, com alguns investidores de bitcoin perdendo muito dinheiro. Em maio, o colapso da stablecoin TerraUSD (UST) e seu token correlacionado Luna, mostrou que as criptos ditas estáveis poderiam se tornar oficialmente instáveis. O UST perdeu sua paridade ao dólar e virou pó em poucas semanas. Mais de US$ 40 bilhões desapareceram nesse episódio.
E o contágio começou. Alegando “condições extremas de mercado”, provocadas pela alta exposição à TerraUSD/Luna, a plataforma de empréstimos Celsius bloqueou saques. O fundo de hedge de criptomoedas Three Arrows Capital (3AC) deu um calote de mais de US$ 670 milhões a diversas outras plataformas, mas principalmente à Voyager, que foi salva pela FTX, que quebrou esta semana.
A perda exagerada de dinheiro em bitcoin, em 2022, expôs as muitas falhas do setor e serviu como um lembrete aos investidores e ao público porque a regulamentação financeira existe”, aponta o texto da CNBC. As falências das plataformas deixou investidores incapazes de acessar seus recursos e, em alguns casos, se esforçando para recuperar centavos por dólar. “Se este é realmente o futuro das finanças, parece bastante sombrio”, conclui o texto.
No Brasil, está tramitando no Congresso Nacional um projeto de lei que pretende impor regras ao mercado de criptoativos, ou seja, criar um marco regulatório das criptomoedas no País. No entanto, o Banco Central não está satisfeito com as mudanças sofridas pelo projeto na Câmara e esperava que as propostas já votadas no Senado fossem mantidas.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias