A bolha das criptomoedas está prestes a estourar. E quem diz isso não é qualquer pessoa. O alerta soou no Crypto Policy Symposium 2022, em Londres, evento que reuniu integrantes do movimento anticriptomoedas que tem surgido em várias partes do mundo, e que tem entre os adeptos o fundador da Microsoft Bill Gates. É formado basicamente por céticos a respeito da viabilidade dos ativos digitais ou por gente que simplesmente não se rendeu aos encantos desse mercado que promete ganho fácil.
Realizado em setembro, o Crypto Symposium teve como um de seus organizadores o tecnólogo norte-americano Darren Tseng. Graduado em Finanças na Universidade de Massachusett, ele fundou várias empresas de fintech nos Estados Unidos e na Europa.
Experiente no setor bancário digital, ele foi categórico sobre as criptomoedas: elas são uma fraude e farão você perder dinheiro. “As consequências de quem tem criptomoedas é a de que perderão uma parcela significativa, senão todo o dinheiro que investiram em criptomoedas”, alerta Tseng, em entrevista exclusiva a Tilt, do portal de notícias UOL.
A propósito, o alerta dele se estendeu a investidores brasileiros. “Imagine todo esse dinheiro pelo qual você trabalhou tanto e economizou, e você o coloca em um jogo onde as regras podem ser alteradas pelas pessoas a quem você deu o dinheiro. É um jogo criado por trapaceiros. Ao jogar, você já perdeu. Não jogue!”, disse à reportagem.
O alerta é de extrema importância pois, na terça-feira passada, a Câmara dos Deputados aprovou o projeto de lei (PL) 4401/2021, que regula o setor de criptomoedas no Brasil. O texto já havia passado na Casa, mas foi alterado quando foi votado no Senado. Agora, será enviado para a sanção presidencial, permitindo que entre em vigor 180 após sua publicação.
De acordo com o texto, serão consideradas prestadoras de serviços de ativos virtuais as pessoas jurídicas que executam serviços como troca, em nome de terceiros, de moedas virtuais por moeda nacional ou estrangeira; troca entre um ou mais ativos virtuais; transferências deles; custódia ou administração, mesmo que de instrumentos de controle; e participação em serviços financeiros e prestação de serviços relacionados à oferta por um emissor ou venda de ativos virtuais.
Quando ainda estava no início da tramitação, o economista do ICL André Campedelli já havia explicado que o projeto abre brechas que podem “ampliar novos golpes financeiros em criptomoedas”.
Bolha das criptomoedas já estaria estourando devido às regras regulatórias impostas pelo governo americano
Tseng disse ao UOL que a bolha das criptos já “está estourando”, sobretudo em razão das políticas monetárias do Banco Central dos Estados Unidos, de aumentar as taxa de juros para controlar a inflação, o que faz subir o custo dos empréstimos. “Como resultado, isso levou à falência empresas que faziam operações de criptomoedas ou faziam empréstimos com criptomoedas com lastro de paridade com o dólar”, disse ele, citando como exemplo a Celsius Network.
O recente colapso da FTX, uma das maiores exchanges de criptomoedas no mundo, parece lhe dar razão, pois esses ativos têm se desvalorizado muito nos últimos meses. A principal, a Bitcoin, caiu 74,37% no último ano. No mesmo período, Ethereum baixou 74,5%, Bitcoin Cash caiu 85,49%) e Litecoin, 77,05%.
Na ocasião, ele ainda citou o da Terra (Luna), que desvalorizou em 99% em maio de 2022, ao perder seu lastro de paridade com o dólar após o seu ecossistema tecnológico entrar em colapso.
Co-autor de dois livros sobre o tema, “The Case Against Cryptocurrency: The Failed Financial Revolution” (“O Caso contra a Criptomoeda: a Revolução Financeira Fracassada”, em tradução livre) e “Popping the Crypto Bubble” (“Estourando a Bolha das Criptos”), no segundo livro ele diz que as criptos são uma “revolução financeira que carrega as sementes de sua própria destruição”.
Questionado sobre o porquê, ele comparou esse mercado a um arranha-céu de 100 andares construído de madeira podre, “o que garantirá que o edifício entrará em colapso”.
Economicamente falando, na opinião dele, “é perigoso usar as criptomoedas, pois quase todas as existentes são configuradas como um esquema de pirâmide descentralizado [modalidade de fraude financeira na qual é necessária a entrada de novos investidores para pagar o lucro sobre os mais antigos]”.
Redação ICL Economia
Com informações do UOL