O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse nesta segunda-feira (4) “estar sem luz” sobre a crise gerada com a troca de comando da Petrobras. Responsável pelas nomeações da área econômica no início do governo, ele já havia afirmado não ter participado da escolha de Adriano Pires para presidir a companhia.
O economista Adriano Pires, escolhido para ser o novo presidente da Petrobras, declinou do convite, segundo noticiou a imprensa hoje. O governo ainda está tentando convencer Pires a aceitar o cargo. A auxiliares, o presidente Jair Bolsonaro atribuiu a “inimigos” da estatal uma suposta tentativa de impedir que o economista assuma o comando da empresa.
Enquanto o governo tenta reverter a situação, o Ministério de Minas e Energia emitiu nota oficial em que nega ter conhecimento da desistência de Adriano Pires para comandar a Petrobras. “O Palácio do Planalto e o Ministério de Minas e Energia não receberam nenhum comunicado oficial do Senhor Adriano Pires nesta segunda-feira (04/04)”, diz a assessoria de imprensa da pasta.
No entanto, segundo o Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), Adriano Pires desistiu de assumir o comando da estatal depois de o governo receber informações de que o nome do indicado não seria aprovado pela política de governança da empresa.
O escolhido pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, é sócio fundador do Centro Brasileiro de Infraestrutura (Cbie), que tem contratos de longo prazo com petroleiras e empresas de gás, como a Cosan, o que poderia configurar conflitos de interesse.
A declaração de Guedes, sobre “estar sem luz”, foi dada após almoço promovido pelo grupo Voto em um hotel na zona sul do Rio de Janeiro. Ao entrar no carro, a imprensa pediu que ele “desse uma luz” sobre o que está acontecendo na estatal: “Estou sem luz”, afirmou.
Mercado
Com as notícias de que o nomeado pelo presidente Jair Bolsonaro para presidir a companhia teria desistido de ocupar o cargo, as ações da Petrobras registraram uma sessão de queda, ainda que fechando em baixa menos expressiva em relação ao começo da tarde. As baixas foram de 1,02% (R$ 34,87) para os ativos ON e de 0,94% (R$ 32,70) para os PN, apesar de um dia de alta para o petróleo em meio a preocupações com novas sanções à Rússia.
Os rumores sobre a desistência de Pires ocorrem pouco mais de 24 horas depois que o presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, recusou o convite para presidir o conselho de administração da companhia, alegando que precisa se dedicar ao comando do clube.
A renúncia de Landim foi vista como um alívio e o mercado espera que Pires siga o mesmo caminho. Sua nomeação foi questionada na sexta (1º) pelo Ministério Público do TCU (Tribunal de Contas da União), que pediu investigação da CGU (Controladoria-Geral da União) e da Comissão de Ética sobre possível conflito de interesse. Landim, assim como Pires, tem ligações com Carlos Suarez, empresário do setor de gás natural.
Os dois nomes seriam apreciados em assembleia de acionistas agendada para o próximo dia 13. Foram escolhidos por Bolsonaro e pelo ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, com apoio de parlamentares do Centrão.
Chamado por Bolsonaro de “posto Ipiranga” durante a campanha, Guedes teve autonomia para escolher presidentes de estatais no início do governo. Foi dele a indicação do primeiro presidente da Petrobras sob Bolsonaro, Roberto Castello Branco.
Mas veio perdendo esse poder ao longo do mandato. Em 2021, Bolsonaro demitiu Castello Branco e indicou para seu lugar o general Joaquim Silva e Luna, em meio a uma crise política gerada pela escalada dos preços dos combustíveis.
Este mês, também insatisfeito com a alta de preços, decidiu trocar Silva e Luna por Pires. Questionado sobre a indicação no fim de março, Guedes disse que “não é problema meu”. “O que eu posso dizer? Desejo boa sorte ao presidente da Petrobras”, continuou, após insistência dos repórteres sobre o assunto.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias