A ex-senadora Simone Tebet (MDB) tomou posse, nesta manhã de quinta-feira (5), em cerimônia no Palácio do Planalto, como nova ministra do Planejamento e Orçamento. Durante seu discurso, Simone fez duras críticas à gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e defendeu responsabilidade fiscal, combate à inflação e aos juros elevados, além da aprovação da reforma tributária. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, compareceu à cerimônia de posse, assim como o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, e o ex-presidente José Sarney.
Simone é uma das 11 mulheres que compõem o ministério do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Candidata derrotada do MDB à Presidência da República (ela ficou em terceiro lugar no primeiro turno), ela teve papel importante na campanha eleitoral do petista no segundo turno.
De acordo com a Folha de S.Paulo, Simone chegou à cerimônia de posse ao lado de Alckmin. Na sequência, chegaram Haddad, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, e o secretário-executivo da Fazenda, Gabriel Galípolo, abraçado com a economista Elena Landau, que participou da campanha à Presidência da senadora. A ministra da Gestão, Esther Dweck, também esteve presente.
Em sua fala, Simone admitiu haver alguma divergência com a equipe econômica do governo de Lula, mas reforçou que “as divergências somam” no fim das contas. Ela ainda se disse surpresa com o convite de Lula para assumir a pasta. “Primeiro, porque fui escolhida para ser ministra com um convite especial do presidente e, segundo, porque fui parar justamente em uma pauta que tenho alguma divergência”, disse, emendando na sequência: “Tenho total sinergia, coincidência na pauta social de costumes, estava pronta e preparada para assumir qualquer tarefa nessa área, mas fui parar na pauta econômica.”
Ao manifestar surpresa a Lula, Simone Tebet disse que presidente sinalizou querer mesmo divergentes para somar ao seu governo
Assim que recebeu o convite de Lula, Simone mostrou-se supresa e tentou chamar a atenção do presidente. “Quando abri minha boca para agradecer [ao convite] e dizer para o presidente que eu achava que havia algum equívoco, que disse a ele ‘mas presidente, nesta pauta, ministro Haddad, ministro Alckmin, ministra Esther, nós temos divergências econômicas’, ele simplesmente me ignorou como quem diz ‘é isso que eu quero porque sou um presidente democrata’. Um presidente democrata não quer apenas os iguais, quer os diferentes para se somar”, continuou.
Embora tenha ressaltado os antagonismos, Simone reforçou que eles ficariam para depois. A propósito, desde que Tebet foi nomeada para a pasta, ela e Haddad têm dado demonstrações públicas de busca por proximidade. “Comungo, ministro Haddad, com sua visão, de que há necessidade não só de cuidar dos gastos públicos com racionalidade, mas da aprovação urgente da reforma tributária”, reforçou em seu discurso.
Para Tebet, a mudança no sistema tributário já esperou “tempo demais, 30 anos para ser efetivada”, e, por isso, ela conclamou o ministro da Fazendo a atuarem “convergentes nesse propósito. Ao lado de Geraldo Alckmin e Esther Dweck, teremos um diálogo produtivo nas reuniões da equipe econômica”.
Outro ponto de convergência entre ambos é a preocupação com a responsabilidade fiscal. “O nosso papel, do Ministério do Planejamento, sem descuidar, em nenhum momento, da responsabilidade fiscal, dos gastos públicos e da qualidade deles, é colocar os brasileiros no orçamento público.” Na opinião da agora ministra empossada, não há política social sustentável sem uma política fiscal responsável. “Seremos responsáveis com os gastos públicos.”
A ministra deve anunciar “80% da equipe” na próxima segunda-feira (9). A emedebista disse que sua pasta terá uma Secretaria de Avaliação e Monitoramento de Políticas Públicas. Ela convidou um quadro efetivo do TCU (Tribunal de Contas da União) a ocupar uma de suas duas diretorias.
Governo Lula terá 17 ministérios ligados à área econômica
Tebet, Haddad, Alckmin e Esther trabalharão juntos, mas a área econômica de Lula terá 17 ministérios ante 9 no fim do governo de Bolsonaro (PL). Além de PT, com quatro ministérios na área, as pastas ligadas ao universo econômico serão lideradas por integrantes de MDB (3), PSD (3), PDT (2), PSB (2) e União Brasil (2).
Ao anunciar os restantes dos ministros, no dia 29 de dezembro, Lula disse que “no meu governo não há medo de escolher político, porque sou daqueles que acha que, fora da política, a gente não encontra solução para quase nada neste planeta”.
Na nova gestão, o Ministério da Economia foi dividido em quatro pastas: Fazenda, Planejamento e Orçamento, Gestão e Inovação em Serviços Públicos e Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.
Redação ICL Economia
Com informações da Folha de S.Paulo