Pela sexta vez seguida, os agentes do mercado financeiro elevaram as projeções para a inflação brasileira. O Boletim Focus, divulgado pelo Banco Central nesta segunda-feira (23), mostra que as 100 instituições consultadas para a publicação aumentaram de 5,39% para 5,48% o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) em 2023.
Na semana passada, antes da divulgação do boletim, em sua primeira entrevista oficial, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou os juros e a inflação elevados, e o regime de metas do Banco Central. “Por que o Banco é independente e a inflação está do jeito que está e os juros estão do que jeito que estão?”, questionou Lula, na entrevista exclusiva ao canal pago Globonews.
No dia seguinte, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, escreveu, em sua conta oficial no Twitter, que não há “nenhuma predisposição por parte do governo de fazer qualquer mudança na relação com o Banco Central”. Além dele, o próprio presidente do BC, Roberto Campos Neto, também minimizou a fala de Lula, dizendo que ela foi tirada de “contexto”.
Parte da grande imprensa acredita que a fala de Lula azedou o ânimo do mercado. No entanto, é difícil saber, uma vez que, desde o fim do ano passado, as instituições financeiras estão elevando suas projeções para a inflação, mesmo porque o cenário externo não está muito favorável. Os grandes economias também estão sendo forçadas a elevar seus juros para controlar os índices inflacionários, embora o Fed (Federal Reserve) esteja dando sinais de que reduzirá a marcha dos reajustes.
Para este ano, a meta central de inflação foi fixada em 3,25% pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) e será considerada formalmente cumprida se oscilar entre 1,75% e 4,75%, de acordo com o boletim. Embora tenha criticado a meta, Lula não deu sinais de que mexerá no regime de metas, o que não depende de uma decisão unilateral, é bom dizer.
Para 2024, a projeção de inflação do mercado financeiro também subiu, de 3,70% para 3,84%, segundo o boletim. A meta de inflação do próximo ano, definida pelo CMN é de 3% e será considerada cumprida se oscilar entre 1,5% e 4,5%.
Em 2022, a inflação fechou em 5,79% e ficou acima da meta fixada pelo CMN (o teto era de 5%), pelo segundo ano consecutivo.
Boletim Focus: mercado financeiro eleva projeções para o PIB deste ano de 0,77% para 0,79%
As instituições financeiras consultadas para o Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira também elevaram as projeções para o crescimento da economia brasileira. Elas prospectam que o PIB (Produto Interno Bruto) subirá para 0,79% ante 0,77% previsto na semana anterior. Para 2024, a previsão de crescimento permaneceu estável em 1,5%, mostra o Boletim Focus.
Em relação à taxa básica de juros (Selic), o mercado financeiro manteve a expectativa estável em 12,50% ao ano para o fim de 2023. Atualmente, a Selic está em 13,75% ao ano. O Copom (Comitê de Política Monetária) vem sinalizando que os juros vão se manter altos por um período mais prolongado.
Já para o fim de 2024, a projeção do mercado para o juro básico da economia subiu de 9,25% para 9,50% ao ano.
A perspectiva para o dólar para o fim de 2023 continuou em R$ 5,28 e, para 2024, permaneceu em R$ 5,30.
Sobre a balança comercial (resultado do total de exportações menos as importações), as projeções subiram de US$ 57,2 bilhões para US$ 58 bilhões de superávit em 2023. Para 2024, a expectativa para o saldo positivo continuou em US$ 52,4 bilhões.
Por fim, em relação à entrada de investimento estrangeiro direto, a previsão do relatório se manteve estável em US$ 80 bilhões. Para 2024, a estimativa também permanece em US$ 77,5 bilhões.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias